Destaque da Olimpíada de 2016, Thiago Braz viveu ‘anos perdidos e ruins’
Vários fatores contribuíram. A distância e a saudade da família foram dois deles. Eu precisava estar mais presente principalmente na vida da minha avó, que não estava bem de saúde à época. Ela passou por um cirurgia do coração bem complicada. Morar na Itália foi um ciclo vitorioso, mas, como qualquer outro ciclo, tem um fim. Era a hora de mudar.
Qual é o balanço do período?
Foram quatro anos morando e treinando em Fórmia, na Itália. Era ótimo, lá eu tinha tudo e acredito que essa experiência foi engrandecedora. Treinar com o Vitaly (Petrov, que treinou a russa Elena Isinbayeva) era um sonho que consegui realizar. Tivemos muitas conquistas juntos, entre elas, a medalha de ouro e o recorde olímpico. Mesmo com os altos e baixos, foi um período muito positivo.
O que significa voltar a treinar com Elson Miranda?
Por mais que eu já tenha treinado com o Elson no passado, não sinto que estou revivendo uma situação antiga. É um novo momento, com novos objetivos. Por ser treinado e orientado por nomes como Elson e Petrov, que são incríveis no que fazem, eu me sinto mais motivado para chegar onde pretendo. Estou muito satisfeito por retomar essa parceria.
Como foram esses dois anos após a conquista do ouro olímpico nos Jogos do Rio?
Ainda estou avaliando o que aconteceu nesses dois anos. Após ganhar a medalha, minha vida acabou virando um rebuliço e fiquei perdido por quase um ano. Não consegui me estabilizar, não gostava dos meus saltos, foram dois anos perdidos e ruins. Depois de 2016, achei que os resultados fossem ser cada vez melhores, mas não foi o que aconteceu, e foi muito frustrante.
O quanto as lesões te prejudicaram nos últimos dois anos?
Eu não conseguia manter o condicionamento físico. Às vezes sentia a panturrilha ou as costas e acabava entrando nas competições fora da forma ideal, perdi muito ritmo. Mudamos a programação, mas não deu certo e a temporada foi ruim. Fiquei mal, decepcionado.
Que lições ficaram?
Apesar das decepções e frustrações, foi um período de crescimento e autoconhecimento. Agora, vou trabalhar muito para estabilizar a parte técnica, pra não ficar oscilando. E estar perto da minha família e das pessoas que me querem bem. Isso me incentiva ainda mais.
Como você está se sentindo para o Pan-Americano de Lima?
Trabalho muito para me sentir cada vez mais confiante. Tenho o objetivo de aumentar as passadas para ganhar velocidade, concentrar energia e dar mais potência na vara. E o Elson está fazendo adaptações. Exercícios novos, mas com o mesmo objetivo.
Você já pensa em Tóquio?
Claro! Estamos no ano pré-olímpico e a temporada já começou. Ela será intensa. Temos o Mundial de Atletismo em Doha, os Jogos Pan-Americanos em Lima, os Jogos Militares na China… Competições importantes que servirão como um termômetro para ver se estamos no caminho certo.
Como vê a divulgação pela Confederação dos contratos da Caixa com os atletas? Seu contrato é superior…
Os meus pensamentos estão focados nos meus treinos e para as próximas competições. É nisso que penso diariamente.
Como você avalia a estrutura do atletismo hoje no Brasil?
O esporte precisa ser valorizado. Precisamos ter mais lugares para treinos, competições e patrocínios para mantermos os poucos centros de treinamento que existem hoje. Um país com 200 milhões de habitantes deveria ser uma grande potência, e vitórias como a minha tinham de ser mais frequentes.
A crise está afastando os investimentos públicos e privados..
Não me sinto apto para falar sobre a crise financeira do País, mas torço para que a economia melhore, para que as pessoas se reposicionem no mercado de trabalho e para que as empresas voltem a investir com força no esporte brasileiro. Isso é muito importante para os atletas e para o futuro da categoria.
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