Escândalo no COB é quebra-cabeça de vários anos, revela delator de Nuzman

  • Por Jovem Pan
  • 08/09/2017 20h40 - Atualizado em 08/09/2017 21h07
Heitor Vilela / COB Presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, é apontado como intermediador do esquema de corrupção entre dirigentes internacionais e o ex-governador Sérgio Cabral

O esporte brasileiro passa por um triste momento que vai muito além das conquistas e resultados. Na última terça-feira (5), o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, foi acusado de fazer parte de um esquema de compras de votos na escolha do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas 2016. As denúncias chegaram à polícia francesa e posteriormente à Polícia Federal por meio do ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG), Eric Walther Maleson.

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, Maleson esclarece que o escândalo da Operação UnFair Play é muito maior do que o que envolveu os Jogos de Inverno de Salt Lake City, em 2002. “É uma mega operação que envolve vários países e vários órgãos. Isso não vem de agora. Tudo é um quebra-cabeça que está sendo montado aos poucos”, destacou.

Maleson, afirma que vem tentando denunciar o esquema do COB desde 2012, mas o caso nunca foi levado adiante pelas autoridades brasileiras, apesar de a PF ter iniciado as investigações. “Mandei cartas para o Ministério Público, para a Polícia Federal e até para a presidência da República, mas infelizmente era a Dilma e a investigação não foi adiante. Tudo era abafado. A Polícia Federal fez o trabalho dela”, afirmou.

Mesmo sem poder dar mais detalhes, o ex-presidente da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo, diz que Nuzman deveria pedir para sair do comando do COB. “Se ele tivesse o mínimo de vergonha já teria pedido para sair. Pra começar, acharam meio milhão na casa dele e uma conta na Suíça, comprovando que ele recebeu dinheiro da Confederação Internacional de Atletismo. Como ele explica isso? É uma caixa-preta”, disse.

Segundo o ex-presidente da CBDG, o movimento olímpico brasileiro chegou ao fundo do poço e uma intervenção imediata com mudanças no estatuto do COB, com novas eleições, é mais do que necessária. “O COI tem obrigação estatutária de fazer uma intervenção. Se tiver suspeitas, já é suficiente, mas eles continuam querendo não se envolver. É uma postura negligente de uma entidade totalmente obscura”, critica o delator de Nuzman.

“Eles estão fechados com o Nuzman porque nem o presidente (Thomas Bach) abriu o bico ainda”, completou.

*Com informações do repórter Fredy Junior

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