Isaquias Queiroz “usa” filho para mirar ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020

  • Por Estadão Conteúdo
  • 30/10/2017 09h43
Reprodução / Instagram Reprodução / Instagram Isaquias ao lado do rival Sebastian Brendel no Mundial de Canoagem deste ano

Primeiro atleta brasileiro a conquistar três medalhas em uma mesma edição de Jogos Olímpicos, o canoísta Isaquias Queiroz é um cara inquieto. Pouco mais de um ano depois de conquistar duas pratas e um bronze na Olimpíada do Rio, ele já estabeleceu a meta para Tóquio 2020: desbancar um dos maiores canoístas de todos os tempos, o alemão Sebastian Brendel, e ganhar o seu primeiro ouro.

A fixação é tanta que Isaquias batizou o seu primeiro filho com o nome do atleta alemão. “Pra mim é uma honra e também fica o nome dele todo dia na minha cabeça, já sabendo de quem eu tenho que ganhar”.

O nascimento de Sebastian, o filho do medalhista brasileiro, aconteceu em agosto, período em que Isaquias estava na República Tcheca disputando o Campeonato Mundial de Canoagem Velocidade. Ele acompanhou o parto por videochamada e no dia seguinte faturou a medalha de bronze da C1 1.000. O vencedor da prova foi Brendel.

Na Olimpíada do Rio, o canoísta baiano havia ganho a prata na C1 1.000 e também na C2 1.000. O bronze foi conquistado no C1 200.

A chegada do primogênito mudou a vida de Isaquias Queiroz, mas não muito. “Com filho acaba sendo uma parte bem legal porque chego em casa e posso ficar com ele, não ficar só pensando no esporte”, disse, para depois deixar escapar a sua inquietude. “Acho que me dá um pouco de inspiração, estou sempre com o nome dele na cabeça”.

Superar Sebastian Brendel, de quem não esconde que é fã, é o desejo de Isaquias e de outro grande canoísta da atualidade, o checo Martin Fuksa. “O objetivo meu e do checo é o Brendel. Ele é um grande atleta, um cara que sabe remar como ninguém nunca remou. Pra mim é um ídolo. Antes de Brendel parar eu quero ‘quebrar’ ele, essa invencibilidade dele”.

Para conseguir a sua meta, Isaquias Queiroz direciona o seu foco para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Nem mesmo o bom desempenho no Mundial deste ano, marcado pela “ressaca olímpica”, é muito exaltado. “A canoagem brasileira está vivendo seu momento de ouro. Éramos o patinho feio do esporte, não tínhamos medalha olímpica, e hoje temos vários bons resultados em Olimpíada e Mundial”, comentou. “Mas temos de manter nosso foco, que é a Olimpíada, o mais importante. Não adianta ganhar medalha em Mundial e chegar à Olimpíada e não ganhar”.

A conversa de Isaquias Queiroz com o jornal O Estado de S. Paulo aconteceu na última segunda-feira, em meio a uma série de exames que ele realizou no Laboratório Olímpico, administrado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB).

O canoísta elogiou o suporte dado pelo Comitê, mas, sem citar o nome, criticou duramente o ex-presidente da entidade, Carlos Arthur Nuzman. O dirigente renunciou este mês ao comando da entidade enquanto estava preso preventivamente no curso da Operação Unfair Play – ele é acusado de participação no esquema de compra de votos para o Rio sediar a Olimpíada de 2016.

“A gente acaba pensando ‘pô, tô me matando na água, tentando fazer o máximo da minha vida pelo meu País, e acaba vindo um cara desses sujando o nome do esporte?’”, indagou. “A sociedade acaba não culpando só ele, mas todo o esporte brasileiro, e isso acaba dando um pouco de medo. Cada coisa que acontece ao nosso redor acaba deixando a gente com um pouco de medo”.

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