Jogadoras da Seleção Brasileira de Futsal de Surdos rifam camisa e TV para disputarem Mundial

  • Por Carlos Manoel
  • 05/09/2018 08h30 - Atualizado em 05/09/2018 17h55
Reprodução Jogadoras se viram obrigadas a fazer rifa para poderem disputar o Mundial de Futsal em 2019

A falta de incentivo público e privado levou a Seleção Brasileira Feminina de Futsal de Surdos a promover a venda de uma rifa para disputar o Campeonato Mundial de Futsal de Surdos. A competição que será promovida na cidade de Winterthur, na Suíça, está marcada para acontecer apenas no próximo ano, mas atletas e comissão técnica já estão em busca de apoio.

Carolina Matos, que joga futsal desde a infância em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, e foi convocada pela primeira vez para a Seleção em 2013, conta que para disputar a competição, cada atleta terá que desembolsar cerca de R$ 12 mil, para custear hospedagem, alimentação, taxa de inscrição e até confecção de uniforme.

Diferente de entidades como a Confederação Brasileira de Futebol, a Confederação Brasileira de Desportos de Surdos, responsável pela Seleção Brasileira de Futsal que é comandada pelo técnico Vanderlan da Silva, atualmente não conta com patrocinadores, nem mesmo apoio do Governo Federal, como acontece em diversas modalidades olímpicas e paralímpicas.

“Já é difícil ter apoio no futebol feminino de ouvintes, imagina no nosso caso. É lamentável não podermos contar com apoio e o incentivo necessário do Governo ou de patrocinadores. Mas, ao mesmo tempo que é desanimador, isso torna o desafio ainda maior, pois temos que correr atrás dos recursos e competir da maneira que é possível”, disse a ala/fixa de 23 anos.

A busca por recursos, citada em entrevista à Jovem Pan, teve início por meio de uma “vaquinha online”, mas a baixa adesão levou as atletas a promoverem a venda da rifa. Pelo valor de apenas R$ 5, as garotas estão oferecendo três prêmios: uma camisa da Seleção Brasileira autografada pela Formiga, uma TV 32’ e R$ 800.

“É o nosso sonho disputar o Mundial. Não podíamos ficar esperando o dinheiro ‘cair do céu’. Por isso pensamos em fazer a rifa. Todas as meninas se sacrificam para treinarmos uma vez por mês. Mesmo com essas dificuldades, estamos lutando para conseguirmos ajuda e apoio”, disse Suzana Souza, de 19 anos, ala da Seleção e que mora em Brasília.

As rifas estão sendo vendidas por todas as pré-convocadas para o Mundial de Futsal. Os interessados em ajudar, adquirindo uma rifa ou até mesmo oferecendo apoio financeiro a Seleção Brasileira de Futsal de Surdos, podem entrar em contato com as próprias atletas e comissão técnica pelas redes sociais.

“A minha expectativa é que as pessoas e empresas possas nos ajudar, pois representar a Seleção Brasileira no Campeonato Mundial de Futsal será de extrema importância para todos nós atletas”, comentou Suzana, que emendou: “queremos muito ir para a Suíça. E vamos tentar de tudo para conseguirmos”, conclui a ala que desde 2015 é convocada pela Seleção.

Histórico

O Campeonato Mundial de Futsal de Surdos na Suíça, em 2019, será a terceira participação da Seleção Brasileira. Na primeira, em 2011, na Suécia, as atletas acabaram ficando em último lugar, campanha bem diferente da segunda participação, em 2015, na Tailândia, quando as garotas encerraram a competição como vice-campeãs.

No próximo ano, tanto Carolina quanto Suzana esperam levar o Brasil ao título. “Se na última competição ficamos em segundo, desta vez queremos voltar para a casa com o título”, disse Carolina, que tem o desejo compartilhado pela parceira de Seleção, Suzana: “tenho muita certeza que vamos deixar os brasileiros orgulhosos disso”.

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