Jovem contraria opiniões de médicos, se destaca na natação e realiza sonho do pai

  • Por Allan Brito/ Jovem Pan
  • 13/11/2018 12h44 - Atualizado em 22/11/2018 16h42
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Reprodução Família participa ativamente do desenvolvimento de Ivan no esporte

Ivan Fontenelle Bevenuto nasceu com uma malformação congênita e por isso não tem os membros inferiores e nem as mãos. E mesmo assim, com apenas 10 anos de idade, ele já contrariou opiniões de médicos, se destacou na natação e realizou o sonho do pai dele na capoeira.

Ivan participou como nadador na Liga Nescau Jovem Pan. Mas o caminho para chegar até esse ponto foi difícil. Ele começou praticando hidroginástica na AACD e quase foi interrompido ali: “Ele acabou tendo alta porque disseram que a natação não seria terapia para ele, porque ele não poderia nadar sozinho. Eu fiquei triste, porque já tinha visto crianças deficientes nadando. Acabei ficando desanimada. Mas a tia Edna falou que podia trazer que ele ia nadar sim”, conta Monica, mãe de Ivan.

Edna conta que realmente acreditou no garoto e começou a treiná-lo: “Primeiro começamos um trabalho respiratório, em que ele já teve um grande ganho. E depois ele foi se desenvolvendo. Hoje já treina com confiança”.

O trabalho respiratório foi fundamental para a saúde de Ivan: “Ele tinha problema de peito cheio e bronquite. Mas desde que começou a nadar nunca mais teve problema com isso e ainda perdeu peso”, comemora Monica.

Mas Ivan não ficou só na natação. O pai dele, José, é capoeirista há 20 anos e sempre sonhou em ter um filho que pudesse jogar com ele. Então inicialmente o problema congênito de Ivan gerou decepção. Ninguém imaginou que ele pudesse participar da capoeira. Mas depois a família descobriu que era possível realizar o sonho de José.

“Meu marido dizia que sonho dele era ter um filho para ensinar capoeira. Então, quando o Ivan nasceu, houve um receio. Mas um dia a gente descobriu que tinha um grupo de capoeira na AACD. Aí levei o Ivan para participar. Meu marido foi depois e há 8 anos faz trabalho voluntário lá, ensinando as crianças”, conta Monica.

Agora Ivan joga capoeira com o pai da forma que pode e até já participou de uma troca de cordão, o aumento de graduação da capoeira. Tantos feitos fazem com que Ivan consiga maior inclusão por meio do esporte.

Edna comentou que, antes de tudo isso, ele era uma criança triste. Agora a mãe percebe a diferença: “Ele ficou mais solto e extrovertido. Na Liga Nescau ele estava ali interagindo com colegas. E isso acaba motivando ele a estar semanalmente nos treinos. Ele até fica bravo quando não treina. Quando está com febre, quer ir e diz que a água faz bem”.

Edna também percebeu a mudança: “Ele mudou completamente a auto-estima. Ele até pediu para entrar para a natação artística e vai para o México representar a AACD em março de 2019. Isso mostra como mudou a atitude dele”.

E o resultado desses feitos é sentido por Ivan no dia a dia, segundo Edna: “Normalmente essas crianças são completamente excluídas. Quando começam a fazer essas coisas e até sair do Brasil, o mundo já tem uma visão diferente deles. Querem tirar fotos com eles, querem ser amigos e aí começa o reconhecimento”.

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