Movimento olímpico considera operação no Rio como “duro golpe” contra o COI

  • Por Estadão Conteúdo
  • 05/09/2017 09h28 - Atualizado em 05/09/2017 09h41
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Ao lado de Nuzman EFE Bach defendia Carlos Arthur Nuzman e a organização dos Jogos do Rio

A suspeita que paira sobre o Rio de Janeiro na sua definição como palco da Olimpíada de 2016 também é um golpe duro contra o Comitê Olímpico Internacional (COI), prestes a se reunir em Lima para escolher as sedes dos Jogos de 2024 e 2028 e tentando se afastar de uma imagem corroída das entidades internacionais do esporte. Procurado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o COI apenas indicou que é de seu “maior interesse” esclarecer o que de fato ocorreu em Copenhague, em outubro de 2009, quando o Rio foi definido como sede olímpica.

“O COI soube dessas circunstâncias por meio da imprensa e está fazendo todo o esforço para obter informações completas”, disse a entidade, por meio de um e-mail. “É do mais alto interesse do COI obter esclarecimentos sobre esse assunto”, completou.

No movimento olímpico, porém, a ofensiva contra Carlos Arthur Nuzman também foi recebida como uma “péssima notícia” para a credibilidade da entidade. O próprio presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), depois do Rio 2016, ganhou um cargo em um dos comitês do COI, assim como outros dirigentes do País.

Na condição de anonimato, delegados e membros da família olímpica admitiram à reportagem que o incidente no Rio vai “jogar uma desconfiança sobre todo o processo” e deve fragilizar a entidade.

Thomas Bach, presidente do COI, insistia ser um “grande amigo” de Nuzman e sempre rejeitou qualquer necessidade de se investigar os Jogos do Rio. Durante os últimos meses, o COI chegou a se lançar em uma campanha para promover o legado deixado pelo evento no Rio, inclusive distribuindo artigos a jornais estrangeiros assinados por Eduardo Paes, ex-prefeito do Rio, também citado em casos de suspeitas de corrupção.

O caso ainda coloca o COI sob pressão, já que, em tese, terá de abrir processos disciplinares para avaliar não apenas a situação de Nuzman, mas também os casos de suspeitos de terem recebido o dinheiro da propina pela compra de votos.

Além do caso do Rio, a entidade também precisa ainda lidar com suspeitas sobre a escolha de Tóquio para a Olimpíada de 2020, assim como diversos de seus dirigentes que estariam implicados no esquema.

Investigadores envolvidos na Operação Unfair Play indicaram ao O Estado de S. Paulo que a suspeita principal que emerge das investigações é de que a compra de votos para o Rio 2016 entre membros do COI não ocorreu sem um aval político por parte de diferentes níveis de governo no Brasil.

A investigação, portanto, apura os vínculos entre o empresário Arthur Soares e o ex-governador do Rio Sérgio Cabral e existência de um pacto de corrupção em torno dos Jogos Olímpicos do Rio, que envolveria as obras públicas com as quais o governo brasileiro se comprometeu junto ao COI.

Um dos focos dos investigadores é se houve ainda vínculos entre empreiteiras que se beneficiaram dos projetos de infraestrutura para o Rio 2016 e a suposta compra de votos.

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