Novos heróis, despedida das lendas: um ano depois, relembre momentos marcantes da Rio 2016
Há um ano, o mundo se despedia dos Jogos Olímpicos Rio 2016. A “Olimpíada das Olimpíadas” superou desconfianças e mesmo em meio ao conturbado momento político vivido pelo Brasil deixou saudades. Novos heróis surgiram e mitos se estabeleceram. Marcas foram quebradas e o choro foi da decepção ao pódio ao longo de 17 dias de disputas.
A Jovem Pan recorda alguns dos momentos que marcaram a Rio 2016. Confira:
Rainha da ginástica
Simone Biles foi sem dúvida um dos grandes nomes dos Jogos do Rio. Aos 19 anos, 1,47 metros e estreante em olimpíada, a norte-americana faturou quatro medalhas de ouro e um bronze na ginástica artística.
Além de Biles, a Ginástica também marcou a redenção de Diego Hypolito, que superou os traumas de Pequim 2008 e Londres 2012, e conquistou sua primeira medalha olímpica. O brasileiro arrancou aplausos da plateria e garantiu a prata no solo. A festa ficou ainda mais completa com o bronze de Arthur Nory.
Alegria e tristeza no vôlei
O vôlei brasileiro também foi responsável por uma das maiores emoções no Rio de Janeiro. A Seleção comandada por Bernardinho superou as desconfianças, após derrota na Liga Mundial, cresceu na competição e contou com a inspiração de Wallaece e Lucarelli, além da experiência de Serginho, e garantiu o ouro.
Já a Seleção feminina, considerada favorita ao tricampeonato olímpico, sucumbiu nas quartas de final ante a China, após ter encerrado a primeira fase com a melhor campanha.
Novos heróis
Com 19 medalhas (sete ouros, seis pratas e seis bronzes), o Team Brasil registrou seu melhor desempenho da história nos Jogos Rio 2016, mas ainda ficou abaixo da meta estabelecida pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro), que era de terminar no top 10. Mesmo assim, a nova geração e nomes como Isaquias Queiroz, Thiago Braz, Felipe Wu, se tornaram conhecidos.
Felipe Wu: a prata de Felipe Wu no tiro-esportivo serviu para recolocar o Brasil na história da modalidade, responsável pela primeira medalha olímpica do País, com Guilherme Paraense, em 1920.
Thiago Braz: Thiago Braz literalmente voou para garantir o inédito ouro no Salto com Vara. Desprezado pelo francês Renaud Lavillenie, o brasileiro saltou 6.03m e estabeleceu o novo recorde olímpico.
Rafaela Silva: cria de um projeto social, Rafaela Silva conquistou o ouro no judô (categoria peso-leve até 57 kg) diante da mongol Sumya Dorjsuren. A brasileira aplicou um wazari e depois conseguiu segurar a luta, entretanto o ouro de Rafaela combateu o preconceito e mostrou a superação de uma brasileira pobre e negra, vinda da Cidade de Deus.
Robson Conceição: No boxe (categoria peso ligeiro até 60 kg), o baiano Robson Conceição venceu o francês Sofiane Oumiha por decisão unânime e levou o Rio Centro à loucura. A medalha de ouro firmou de vez o nome do Brasil na modalidade, que já havia batido na trave em Londres 2012, com Esquiva Falcão.
Martine Grael/Kahena Kunze: a dupla Martine Grael/Kahena Kunze contou com os bons ventos da Baía de Guanabara para chegar ao sonhado ouro na vela, classe 49erFX. Na regata da medalha, as brasileiras optaram por uma estratégia ousada, ultrapassaram as neozelandesas Maloney e Meech e arrancaram para a medalha dourada.
Isaquias Queiroz: o baiano de Ubaitaba entrou para a história do esporte brasileiro. Isaquias Queiroz se tornou o primeiro atleta do País a conquistar três medalhas olímpicas em uma mesma edição – duas pratas e um bronze na Canoagem.
A farsa norte-americana
Um dos episódios que mais repercutiram nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro aconteceu fora do Parque Olímpico. Quatro nadadores norte-americanos, dentre eles o dono de 12 medalhas olímpicas, Ryan Lochte, relataram ter sofrido um assalto após uma festa. A versão acabou sendo desmentida, quando imagens de uma câmera de segurança mostraram os atletas brigando com funcionários de um posto, onde haviam praticado atos de vandalismo.
Lochte, que chegou a ir à polícia prestar depoimento, acabou indiciado por falsa comunicação de crime e foi suspenso pelo Comitê Olímpico dos Estados Unidos e pela Federação Americana de Natação por 10 meses. O nadador ficou de fora das competições neste período, além de perder o direito ao bônus de US$ 100 mil concedido aos medalhistas olímpicos. Patrocinadores também encerraram contratos com o atleta.
Show nas arquibancadas
A torcida brasileira foi um dos atrativos dos Jogos Olímpicos. Do incentivo aos atletas locais à vaia aos rivais, o público que compareceu ao Rio de Janeiro chamou a atenção do mundo inteiro. No entanto, os gritos e cantos não deixaram saudade para alguns atletas do tênis, tênis de mesa, natação e esgrima, que chegaram a questionar a atitude dos brasileiros junto ao COI.
Entre as maiores “vítimas” dos torcedores locais estava a goleira Hope Solo. Sempre que tocava na bola, a camisa 1 da seleção norte-americana de futebol ouvia os gritos de “zika”, em resposta à foto que postou em suas redes sociais antes de vir ao Brasil, em alusão ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da zika, dengue e chikungunya.
Por outro lado, um dos momentos mais curiosos das Olimpíadas aconteceu na disputa de boxe. Jones Kennedy, um dos principais juízes da modalidade no país, contou com a torcida a seu favor durante a luta entre os atletas do Azerbaidjão e do Cazaquistão. Toda vez que ele interferia no combate, a torcida gritava “juiz, juiz”.
Conquista inédita
O último grande título internacional que faltava ao futebol brasileiro foi conquistado no Rio de Janeiro. Liderado dentro de campo pelo craque Neymar, a Seleção enfim chegou ao ouro olímpico. Foram necessários 64 anos para que o Brasil chegasse a tão sonhada medalha. E quis o destino que a conquista fosse sobre o maior algoz do futebol brasileiro, a Alemanha, que dois anos antes havia atropelado a Seleção na semifinal da Copa do Mundo.
O Brasil não devolveu o 7 a 1 no placar, longe disso, mas o feito alcançado pelos garotos brasileiros serviu para amenizar um pouco a dor e sofrimento do torcedor. O ouro foi conquistado de forma dramática, nos pênaltis, após o empate de 1 a 1 tempo normal e prorrogação. Coube a Neymar converter a última cobrança para garantir o triunfo e tão sonhada medalha de ouro para o futebol brasileiro.
Despedida das lendas
Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro ficaram marcados também pela despedida de duas lendas: Usain Bolt e Michael Phelps. Recordistas em suas modalidades – atletismo e natação, a dupla aproveitou a disputa das Olimpíadas no Brasil para ampliar suas marcas e hegemonia no esporte mundial.
O jamaicano se tornou o primeiro atleta a conquistar três medalhas de ouro nos 100 e nos 200 metros, além de voltar a “arrebatar” o revezamento 4 x 100. Já o norte-americano, que retornou as piscinas após uma curta “aposentadoria”, subiu mais seis vezes no pódio, se consagrando como o maior medalhista olímpico da história.
E o legado?
Ao todo foram gastos R$ 41 bilhões nos Jogo Rio 2016. Além do espetáculo esportivo, e da construção de suntuosas arenas passando pelo sistema de mobilidade urbana como o VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), as olimpíadas prometiam muito mais ao Rio de Janeiro. Após um ano, o que se vê é um cenário de total abandono como a estação do BRT.
O Complexo de Deodoro permanece fechado, assim como a Arena do Futuro, que daria lugar a quatro escolas municipais. Isso, sem contar o Velódromo que teve parte do teto destruída pelo incêndio ocasionado pela queda de um balão. Enquanto, a Floresta dos Atletas, 13 mil mudas utilizadas na cerimônia de abertura seriam plantadas no Parque Radical de Deodoro, ainda não floresceu por faltas de verbas e a Baía de Guanabara segue com altos índices de poluição.
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