“O futuro do beisebol aqui é brilhante”, afirma norte-americano que comanda Seleção Brasileira

  • Por Renato Barcellos/Jovem Pan
  • 18/11/2017 18h00
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Alex Trautwig/MLB Barry Larkin comandando a Seleção Brasileira de Beisebol no WBC, em 2013, no Panamá

Na última sexta-feira (10), a Jovem Pan recebeu em seus estúdios duas lendas do beisebol americano e quem sabe em um futuro próximo; lendas beisebol brasileiro. Barry Larkin e Steve Finley, técnicos da seleção brasileira de beisebol concederam entrevista ao repórter Renato Barcellos e falaram das suas relações com o Brasil, das dificuldades que enfrentaram ao chegar aqui, da evolução do esporte no País, do investimento da Major League Baseball em terras tupiniquins e até arriscaram dizer quem será o próximo brasileiro a chegar nas grandes ligas.

Relação com o Brasil

Poucos sabem que a cantora CymcoLé é filha de Barry Larkin.  Em 2012, aos 16 anos, Cymber (nome real da artista) já tinha ligações com o Brasil. Naquele ano, a filha do técnico gravou o hit Bring On The Night junto do espanhol Ali Pierre. A faixa era tema do personagem Max, interpretado por Marcelo Novaes, na novela de muito sucesso da Rede Globo: Avenida Brasil. “Minha relação [com o Brasil], inicialmente era só com beisebol. Mas nós vimos que tínhamos a oportunidade de fazer alguma coisa com ela [Cymber] também, por causa da indústria e da comunidade da música. Foi algo que conseguimos fazer, ela conseguiu fazer parte da novela Avenida Brasil”, explicou Larkin.

Já para Steve Finley a história foi um pouco diferente: “Eu venho trabalhando nas Clínicas de Elite Internacional junto do Barry pela Europa há 5 anos, eu acho. A MLB começou a fazer e trazer as mesmas clínicas para o Brasil. Eu fiz isso há muito anos, só que por contra própria. Eu avisei a MLB Internacional que quando me aposentasse eu queria participar disso. Então, quando abriram vagas eles me chamaram para se juntar ao Barry”, comentou o técnico de rebatidas.

Chegada à Seleção Brasileira

A chegada dos dois à Seleção foi em um projeto para participar do WBC (World Baseball Classic), espécie de Copa do Mundo da modalidade, em 2013, no Panamá. Larkin revelou o motivo de aceitar o cargo de treinador. “Aceitei o convite por causa da minha relação com os jogadores. Estava trabalhando por aqui há 2 anos naquele tempo. Eu realmente gostei da interação com os jogadores e com a federação. Foi uma coisa natural me chamarem para ser técnico e foi uma aceitação natural por minha parte, pelo fato de eu ter amado as características únicas que os jogadores aqui têm”. Barry também comentou essas características: “Brasil é um país latino-americano, então tem a paixão latino-americana, mas, mais importante, o beisebol foi introduzido aqui pelos japoneses. Por isso tem uma disciplina formalizada que anda lado a lado com a paixão. Essa combinação é ótima e é isso que quero continuar trabalhando”, complementou.

Steve concorda com o companheiro e explica o porquê: “Nesse tempo que estou aqui, tenho a mesma opinião de que no beisebol do Brasil, os jogadores têm muita paixão e energia, e eles mostram isso todo dia, não em um dia sim e outro não. É todo dia! E quando você vê isso, você quer fazer parte disso”.

Dificuldades ao chegar

Ambos chegaram ao Brasil sem saber falar português, o que causou um pouco de problemas no começo. “Em qualquer lugar que formos, é difícil passar a mensagem. Mas um idioma em comum, uma língua em comum, no campo de beisebol é beisebol. Nós falamos beisebol, o jogo não muda. Mesmo que tenhamos alguns desafios, as pessoas entendem um pouco da mensagem”, relatou Larkin. Entretanto, alguns problemas continuam: “Eu vi Steve tentando ensinar as crianças como rebater a parte de dentro da bola, ou como atacar a bola. Ele estava junto de um tradutor que não tinha experiência no beisebol. Eu não falo português, mas eu consigo entender um pouco do que está acontecendo. Mas ver Steve tentando passar informações exatamente como ele quer para o rebatedor é sempre um desafio. A língua é o maior desafio. Mas, no geral, eles conseguem entender nossa mensagem”, complementou.

Para driblar essas dificuldades, Steve Finley tem suas saídas. “Temos muitas terminologias que não são diretamente traduzidas para o português, então mostramos com ações, mostramos para eles. Movemos eles para os lugares corretos no campo. Eles entendem na maioria das vezes”, explicou.

Evolução do esporte no país

Nos últimos anos, o Brasil revelou vários jogadores que despertaram a atenção dos times das grandes ligas. Larkin contou o que acha do futuro do beisebol no país: “Nós temos, acredito, que cinco jogadores nas grandes ligas. Dois jovens arremessadores: Thyago Vieira e Luiz Gohara. Esses foram os últimos tirando Yan Gomes, Paulo Orlando e André Rienzo. Em nível nacional, nós temos jogadores fazendo coisas excelentes na América. Mas mais importante, globalmente, você olha a história do beisebol ao redor do mundo e vemos outros lugares que jogam beisebol há muito mais tempo que o Brasil que não foram capazes de formar jogadores do mesmo nível que temos aqui. Eu acho que a história e o futuro do beisebol aqui é brilhante”.

Finley revelou o que tem feito para continuar com essa ascensão do esporte por aqui. “O que estamos tentando fazer é criar oportunidades de introduzir o máximo de crianças ao beisebol, porque não é parte da cultura daqui como o futebol e outros esportes. Eu acho que quanto mais se tornar cultura, melhor. Eu já disse isso, que temos um monte de jogadores de grandes ligas no Brasil que nunca pegaram em um taco. Eles deveriam, porque ganhariam uma oportunidade. Temos excelente atletas. Nossa meta nessas entrevistas é despertar a curiosidade das pessoas: ‘vou tentar isso’”.

Steve Finley conversa com jogadores durante o MLB Elite Camp

Investimento da MLB no Brasil

A Major League Baseball tem um centro de treinamento na cidade de Ibiúna, no interior de São Paulo, para formação de jogadores. Os técnicos da seleção aprovam o centro de treinamento e comentam o quão importante essas ações são: “Eu acho que a federação e academia são muito importantes e influenciadoras para que o esporte continue a crescer. Você verá coisas florescerem ao redor da academia. Começará a ver programas de empresas privadas e de pessoas que tem interesse em ajudar”, disse Larkin.

Para Finley, a MLB confia muito Brasil: “Bem, a academia mostra o que a MLB pensa do beisebol brasileiro. O suficiente para trazer técnicos e colocar o próprio nome na academia. Eles esperam muitas coisas especiais dos jogadores brasileiros no futuro”.

Próximo brasileiro nas Grandes Ligas

O Brasil tem vários nomes nas ligas menores que aspiram um lugar na MLB. Barry Larkin imagina quem possa ser o próximo. “Leonardo Reginatto. Temos alguns arremessadores que avançaram rápido. Mas leva um tempo maior para jogadores de outras posições para chegar a esse nível de sucesso. Mas eu vejo um amadurecimento da chance do Reginatto jogar ao redor dos EUA esse ano. O jogo dele melhorou muito. Começou na AA, já está na AAA. Eu acho que ele será o próximo a alcançar a MLB”, anunciou.

O técnico de rebatidas concorda com Larkin e ainda acrescenta: “Reginatto está batendo na porta das grandes ligas. E daqui alguns anos será Eric Pardinho, que assinou com o Toronto Blue Jays, ele será um talento especial como arremessador, será legal ver a projeção de amadurecimento   dele. Temos Maciel [Gabriel], jogando pelos DiamondBacks, Bo Takahashi, Daniel Missaki, os irmãos Bichette, Luis Paz, que rebateu 21 homeruns essa temporada. Temos outros jogadores vindo. Você vai para a Alemanha, França ou Itália e consegue contar em uma mão quantos jogadores chegaram nas grandes ligas. O Brasil já tem cinco jogadores, e outros estão por vir”, finalizou Finley.

A entrevista em vídeo vai ao ar na quinta-feira, às 16h, no programa Moneyball, que é transmitido pelo Facebook e Youtube da Jovem Pan Esportes.

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