“Pai” de dossiê, Frizzo não se surpreende com reconhecimento da Copa Rio

  • Por Fredy Junior
  • 12/08/2014 17h20
SAO PAULO, SP, BRASIL, 16/10/2011 - Coluna Monica Bergamo: Abertura da exposicao fotografica DNA Italiano no Brasil, no Conjunto Nacional. Na foto, Roberto Frizzo, diretor do Palmeiras. Foto: Greg Salibian/Folhapress - ILUSTRADA Greg Salibian/Folhapress Roberto Frizzo foi vice-presidente do Palmeiras durante a gestão de Tirone

Se infelizmente nenhum jogador do Palmeiras pode ser mais homenageado pelo reconhecimento pela Fifa da Copa Rio de 1951 como campeonato mundial, há pelo menos um palmeirense que trata o anúncio como vitória pessoal. Roberto Frizzo, vice-presidente na gestão de Arnaldo Tirone, foi responsável, ao lado de Arnaldo Branco, pela elaboração do dossiê que ajudou no reconhecimento.

Para o dirigente, a postura da Fifa diante do torneio vencido pela equipe alviverde não é surpresa, apesar da demora para que o fato fosse concretizado.

“Engraçado, eu sempre tive na mente e no coração a certeza que o tempo é o senhor da razão. E isso ia acabar acontecer, porque era tão claro que fizemos questão de encaminhar para o comitê executivo, porque não era questão de política, era só ler o material que que era muito claro que tinha toda a configuração de um campeonato mundial interclubes”, disse Frizzo.

O dossiê e a luta do palmeiras pelo reconhecimento da Copa Rio como um verdadeiro mundial teve altos e baixos, com o momento mais crítico sendo em 2007, quando supostamente a Fifa teria enviado um fax confirmando a decisão, mas no final das contas foram necessários mais sete anos de espera. Frizzo vê o trabalho de levantamento histórico como fundamental para mudar a mentalidade da entidade máxima do futebol.

“Fizemos duas viagens para fora, tivemos em todos os clubes que estiveram aqui na ocasião, conversamos com todos os jogadores sobreviventes, entrevistamos. E acredito que na própria consolidação dessa documentação, na própria comunidade palmeirense começou a haver credibilidade maior ao título. Outros se envolveram e apoiaram como possível e o próprio Blatter deu essa declaração sem nenhum constrangimento, não resta dúvida que foi com a base fornecida por aquele material por aquela documentação, que deixou todo muito mais à vontade e muito mais consciente que aquele torneio teve características até mais importantes do que outros torneios que foram chamados de mundiais interclubes”, afirmou.

Mas obviamente não foi necessário apenas dados históricos para o reconhecimento ser feito. O Ministro dos Esportes Aldo Rebelo e o futuro presidente Marco Polo Del Nero, dois notórios palmeirenses, sempre quando possível fizeram pressão nos dirigentes internacionais para que o caso fosse avaliado. Na opinião de Frizzo, a postura é natural, levando-se em conta o tema.

“Às vezes não basta o dossiê, tem que haver uma pressão. O Blatter nem tinha ouvido falar, não havia nenhum contemporâneo da competição dentro da Fifa. Você fazer pressão de um órgão muito rígido, esse entendimento fica mais facilitado quando vem um momento político, de gabinete”, defendeu.

A Copa Rio foi um torneio internacional disputado em 1951 para recuperar a confiança do brasileiro após a tragédia da Seleção na Copa do Mundo de um ano antes. Com os campeões nacionais de sete países, além de Palmeiras e Vasco, o clube alviverde se sagrou campeão após bater a Juventus, da Itália, no Maracanã.

“Chegou um tempo que eu não sabia se ia estar vivo quando reconhecido, mas enfim é uma grande alegria, ainda mais no nosso ano do centenário, tem que vir notícias boas. O palmeiras merece pela sua história, brincou Frizzo.

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