Palmeiras campeão da Libertadores: o dia em que o coração alviverde quase parou de bater

  • Por Luiz V. Andreassa/Jovem Pan
  • 20/01/2015 16h51
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Futebol: Taça Libertadores da América 1999: Final: o volante César Sampaio ergue a taça de campeão, após a vitória do Palmeiras sobre o Deportivo Cali. (Foto: Evelson de Freitas/Folhapress) Folhapress César Sampaio levanta o troféu do título da Libertadores de 1999 sobre o Deportivo Cali

Foi na noite do dia 16 de junho de 1999 que a cidade de São Paulo parou para assistir à última final de Libertadores do milênio, e que o coração dos palmeirenses quase parou junto. Eram 32 mil torcedores no Palestra Itália, mais alguns milhões espalhados pelo Brasil e pelo mundo, sofrendo e vibrando com aquele time que chegou ao ponto mais alto da “Era Parmalat” e da história do Palmeiras.

O sofrimento, aliás, esteve presente em toda a campanha do time comandado por Felipão. Classificação em segundo lugar na chave, garantida apenas na última partida. Nas oitavas de final, vitória maiúscula sobre o atual campeão Vasco, após empate em São Paulo. Triunfo sobre o Corinthians, nos pênaltis, no jogo em que São Marcos nasceu para o futebol mundial. E finalmente um 3 a 0 contra o River Plate dentro de casa para garantir a vaga na final.

No primeiro jogo, na Colômbia, o Deportivo Cali levou a melhor, vencendo pelo placar mínimo. Na volta, o Parque Antártica lotado empurrou o Verdão desde o primeiro minuto. Oseás chutou em cima de Dudamel e Júnior mandou pra fora no rebote, Alex cabeceou sozinho e errou o alvo, Júnior bateu cruzado e a bola passou por toda a área sem ninguém empurrar para dentro. O gol não saía, e o drama aumentava. Do outro lado do campo, Marcos salvou o time com defesa de puro reflexo após finalização de Bonilla. Primeiro tempo encerrado com placar em branco.

O alívio só veio quando o árbitro marcou pênalti após confusão na área do Deportivo, acusando um toque de mão da defesa. Evair bateu no canto e abriu o marcador. A resposta, no entanto, veio pouco depois, e da mesma forma: Júnior Baiano cometeu falta dentro da área, o árbitro apontou a marca de cal e Zapata conferiu. O resultado não servia mais para o Verdão, que precisava da vitória.

Foram seis minutos de agonia, com direito a torcedores chorando e rezando nas arquibancadas. Até Oséas aparecer para completar cruzamento de Júnior e estufar as redes. O Deportivo Cali então se segurou para levar a decisão aos pênaltis e, mesmo diante de um Palmeiras com um a menos (Evair fora expulso), o goleiro Dudamel comemorou, aos 51 minutos, o apito final do tempo regulamentar.

A disputa de pênaltis manteve a tônica do Palmeiras de Felipão. Tinha de começar com sofrimento, com angústia, com Zinho acertando uma bomba no travessão. Dudamel colocou o Cali na frente. Júnior Baiano, Roque Júnior e Rogério não vacilaram, assim como Gavíria e Yepes, e o placar mostrava empate em 3 a 3, com uma cobrança a menos do time colombiano. Bedoya bateu, então, de canhota, a bola pegou no pé da trave e quase bateu nas costas de Marcos, mas se distanciou da meta. Euller foi para a quinta cobrança do Verdão e anotou. Faltava um penal para o Deportivo tentar empatar.

A cena está gravada na memória de todo torcedor palmeirense. O estádio inteiro, incluindo a comissão técnica alviverde, gritando “Fora! Fora!”. Zapata correndo para a bola, absorvendo toda a pressão negativa sobre si, chutando de perna direita. E então ele mandou pra fora, assim como mandou pra fora toda a agonia palmeirense, toda a apreensão, deixando espaço apenas para a catarse da vitória.

Marcos caiu para seu lado esquerdo e acompanhou a bola passar ao lado da trave oposta. Mal caiu e já levantou, saiu correndo e gritando, numa metáfora do que foi aquela campanha. O Palmeiras se juntou aos rivais Santos e São Paulo como os paulistas que chegaram ao topo do futebol Sul-Americano. Os jogadores se sagraram ídolos, e São Marcos, que havia entrado no meio da competição após lesão de Velloso, se tornou o símbolo maior daquela conquista.

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