Patrocínio dos atletas paralímpicos no Brasil ainda é quase 100% público

  • Por Agência Brasil
  • 27/04/2015 14h39

Patrocínio de atletas paralímpicos no Brasil é quase em sua totalidade originário de empresas públicas

Instagram/Reprodução Logo dos Jogos Paralímpicos Rio 2016

Apesar de ter saltado 30 posições no ranking de medalhas desde 1992 e ter multiplicado por dez o número de medalhas de ouro, o esporte paralímpico brasileiro ainda tem dificuldades de obter apoio na iniciativa privada. Segundo o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons, é de quase 100% a parcela de investimentos públicos dos cerca de R$ 80 milhões angariados em 2014 para patrocinar os atletas que vão representar o Brasil em 2016.

A principal fonte de financiamento do esporte paralímpico do Brasil é a Lei Agnelo/Piva, sancionada em 16 de julho de 2001, que prevê a destinação de 2% da arrecadação bruta das loterias federais em operação no país, descontadas as premiações, para os comitês olímpicos e paralímpico. Nesse período, a arrecadação do Comitê paralímpico aumentou de R$ 3 milhões para R$ 80 milhões, também com a contribuição da Caixa Econômica Federal, cujo patrocínio é a segunda maior fonte de renda do CPB.

Nas Paralimpíadas de Barcelona, em 1992, o Brasil ficou na 37ª posição, com duas medalhas de ouro, seis de prata e 13 de bronze. Desde então, o país subiu no ranking em todas as edições dos jogos, assumindo a 32ª posição em Atlanta, em 1996, a 24ª em Sidney, em 2000, a 14ª em Atenas, em 2004, a nona em Pequim, em 2008, e a sétima em Londres, em 2012. Na última edição dos Jogos Paralímpicos, o país ficou com 21 medalhas de ouro, 14 de prata e 8 de bronze.

O Comitê tem como meta atingir a quinta colocação em 2016, mas isso significa ultrapassar países como Estados Unidos e Austrália, que têm muitos recursos para suas delegações. O presidente do CPB avalia que, no Brasil, a iniciativa privada ainda não percebeu o potencial de patrocinar o esporte paralímpico:

“Falta, talvez, a iniciativa privada entender o esporte paralímpico como um produto. A gente entende que pode não ser fácil, o país ainda tem pessoas com preconceito em relação à pessoa com deficiência, o que, na minha visão, é uma bobagem, já que 25 milhões de brasileiros pelo menos têm algum tipo de deficiência. A situação envolve uma parcela muito grande: pelo menos um terço do país vive diariamente a questão da pessoa com deficiência”.

O presidente do comitê também argumenta que não só os esportes paralímpicos têm dificuldades de obter apoio, mas também os olímpicos, já que o país tem uma cultura em que o futebol “é muito grande”. No entanto, ele afirma que o patrocínio pode ser uma forma de falar com um público amplo: “É um mercado consumidor muito grande para você se comunicar. As pessoas que gravitam nesse meio falam no celular, tomam refrigerante, têm banco. São consumidoras”.

Parsons aposta que os Jogos Paralímpicos Rio 2016 serão uma boa oportunidade para manter parcerias, já que, em Londres, nove patrocinadores das Paralimpíadas mantiveram seu envolvimento com o esporte e passaram a patrocinar o comitê paralímpico. “Nossa meta não pode ser menor do que essa”. Os jogos paralímpicos do Rio têm sete patrocinadores oficiais, quatro apoiadores e um patrocinador mundial.

Além de preparar os atletas para as competições, o comitê também tem investido na formação deles para falar com os meios de comunicação: “Estamos preparando para ser pessoas que se relacionam bem com os meios de comunicação, pessoas que sejam interessantes para os patrocinadores se envolvam”.

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