Pepe exalta Bellini: “um dos grandes responsáveis pelo título de 1958”

  • Por Jovem Pan
  • 20/03/2014 21h16

O ex-zagueiro Bellini Folhapress Bellini

Dentro de campo, um jogador duro e que jogava simples, fora dele uma pessoa de bem e grande amigo. Foi assim que Pepe, o eterno canhão da Vila, definiu o seu ex-companheiro de Seleção e capitão da Copa do Mundo de 58, o zagueiro Bellini, que faleceu no início da noite desta quinta-feira (20), aos 83 anos, vítima de uma parada cardíaca, em São Paulo.

“É uma perda incrível para o futebol brasileiro e a gente sabe que ele estava sofrendo. Só posso desejar as minhas condolências para a família, é mais um guerreiro que se vai”, lamentou. “O Bellini era um cara feliz, bem casado, um cara que vinha muito bem, até que essa doença o pegou de jeito, o Alzheimer. Apesar de ele procurar ser o mesmo de antes, logicamente ele já não era mais o mesmo. Ele assobiava muito, ficava assobiando”, explicou.

Lembrando-se dos bons momentos em que passou ao lado do homem que imortalizou o gesto de levantar a taça do mundial acima da cabeça, o ídolo do Santos contou um fato curioso a respeito da escolha do paulistano de Itapira como capitão.

“Eu acredito que o doutor Paulo Machado de Carvalho foi quem escolheu o Bellini para ser o capitão, porque ele tinha um bom contato com o técnico Feola e sabia que o zagueiro estava em grande fase e tinha tudo para ser o líder em campo”, revelou o segundo artilheiro da história do Peixe.

Campeão do Mundo em 1958 ao lado de Bellini, o atacante enfatizou que o zagueiro foi um dos grandes responsáveis do primeiro título brasileiro na competição. A Seleção sofreu apenas quatro gols em seis jogos, sendo dois contra a França na semifinal e outros dois contra a Suécia, na final.

“Dentro de campo ele jogava no ‘bumba meu boi’. Ele foi especialista nisso. Com sua maneira rústica de jogar, mas extremamente eficiente. Ele foi um dos grandes responsáveis pela Copa que o Brasil ganhou na Suécia em 1958”, afirmou.

Ele foi o primeiro capitão a erguer a taça acima da cabeça. De acordo com o ex-jogador, Bellini fez isso por conta do peso da Jules Rimet e também por um pedido dos fotógrafos que estavam em campo.

Segundo Pepe, Bellini não fazia questão de jogar bonito. Sua única missão era manter a bola afastada da área. “Ele fez uma dupla muito boa com o Orlando Peçanha, os dois estavam acostumados a atuar junto no Vasco. Um era mais forte e o outro tinha mais técnica”, disse.

Por essa condição de não possuir tanta técnica, o treinador Aymoré Moreira preferiu coloca-lo no banco de reservas no Mundial de 1962. O “canhão” relembrou que Bellini não ficou nada satisfeito, mas que mesmo contrariado, respeitou a decisão do comandante do bi mundial. “Em 62 jogaram Mauro e Zózimo. Ele não aceitou, pelo contrário. Ele queria jogar. Mas o treinador deu preferência ao Mauro. Na opinião do Aymoré Moreira. Não jogou na Copa de 62, ficou a Copa inteira de bico, mas respeitou, não fez nenhum tipo de comentário com o Mauro, que era inclusive amigo dele”, falou.

Pepe ressaltou que as condições financeiras de muitos dos atletas que deram as primeiras alegrias ao futebol do Brasil é precária e que o reconhecimento vem apenas na forma de homenagens. Para o ídolo alvinegro, infelizmente o futebol é assim.

“Em parte, o reconhecimento de boa parte da imprensa. No que tange à CBF, às vezes ainda somos homenageados. Existe alguns eventos nos quais a gente recebe medalhas. Mas na parte financeira, é deficiente. A gente sabe que futebol é assim mesmo e o momento presente é o que vale”, completou.

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