Preparador de goleiros, Frans Hoek foi o mentor da ousada mudança de Van Gaal

  • Por Agencia EFE
  • 08/07/2014 12h55
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Juan José Lahuerta.

Rio de Janeiro, 8 jul (EFE).- Quando Tim Krul defendeu duas cobranças de pênalti da Costa Rica e classificou a Holanda para as semifinais da Copa do Mundo, todas as atenções se voltaram a Louis Van Gaal, que trocou os goleiros no último minuto da prorrogação, mas havia mais alguém por trás da façanha.

Enquanto o comandante concedia entrevista coletiva cheio de orgulho, Frans Hoek, preparador de goleiros da seleção holandesa, foi o encarregado de suportar o ataque de ira do titular Jasper Cillessen, que segurou o empate por 120 minutos. O goleiro ficou irritado por uma substituição que apenas três pessoas sabiam.

Poucos esperavam que a favorita Holanda acabasse sofrendo com Costa Rica e que tudo fosse decidido em uma disputa de pênaltis. Assim foi o que aconteceum e Hoek sabia que Krul sairia do banco para tentar se consagrar.

“Antes de subir ao ônibus, Frans Hoek me disse que se a partida fosse para os pênaltis e sobrasse uma substituição, eu entraria em campo para jogar. Mas ele pediu para que eu não se contasse a meu companheiro para não desconcentrá-lo”, revelou Krul, o herói da equipe nas quartas de final.

Em campo desde o primeiro segundo de jogo, Cillessen se surpreendeu quando teve que deixar o gramado. Após cumprimentar o companheiro na linha lateral, pegou uma garrafa de água e a atirou contra o banco visivelmente irritado. Hoek, um dos idealizadores da façanha, apenas observou a cena tranquilamente.

“Vi que Krul estava aquecendo e o que pensei é que o treinador queria tê-lo pronto. Fiquei um pouco zangado, queria jogar os pênaltis, mas o técnico tomou uma decisão pelo bem da equipe. Quero pedir desculpas. Não sabia que era uma situação já prevista, foi um choque para mim”, afirmou Cillessen.

Dois dias antes, o francês Gérard Houllier, membro do grupo de estudo técnicos da Fifa e ex-treinador, já tinha classificado Hoek como um verdadeiro talento ao falar da importância do treino específico com os goleiros.

Mas quem é Frans Hoek? Trata-se de um preparador de goleiros metódico, que acompanhou Louis Van Gaal em várias ocasiões ao longo da carreira. Bem antes disso, foi goleiro do Volendam, da Holanda, entre 1973 e 1986. Depois, começou a desenvolver um trabalho que hoje coloca em prática.

Integrou a comissão técnica de equipes como Ajax, Volendam, Barcelona, seleção da Polônia, Bayern de Munique e da seleção Holanda em duas oportunidades, a última agora, na qual finalmente saiu do anonimato graças a uma disputa de pênaltis previamente calculada. Antes de enfrentar a Costa Rica, estudou a cobrança dos adversários na fase anterior, na qual a Grécia foi eliminada.

Krul, um goleiro que só tinha defendido dois pênaltis em 20 durante toda a carreira, treinou durante sete semanas para melhorar o próprio desempenho. Depois, acrescentou à preparação os vídeos de Hoek sobre os costarriquenhos. Quando foi a campo, o goleiro já sabia tudo o que tinha que fazer.

O responsável pelo que aconteceu foi Hoek. O preparador escolheu Krul com muito tempo de antecedência. Com 1m93 de altura e grande envergadura, era considerado um potencial pegador de pênaltis e foi preparado exaustivamente para levar a Holanda às semifinais.

A Argentina será o último obstáculo da equipe europeia antes da grande final. Enquanto Van Gaal pensa em outra estratégia para chegar à decisão no Maracanã, Hoek volta a se refugiar no anonimato para dar continuidade ao trabalho muitas vezes pouco notado, mas que pode brilhar novamente a qualquer momento.

Homem de confiança de Van Gaal, que acompanhará o técnico na ida ao Manchester United, o preparador planeja o que fazer para outra possível decisão em pênaltis, dessa vez contra a Argentina, nesta quarta-feira, às 17h (horário de Brasília), na Arena Corinthians, em São Paulo, por uma das semifinais da Copa do Mundo. EFE

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