Procurador do MP diz que diretorias são reféns de torcidas organizadas
A invasão ao CT do Corinthians mobilizou diversos órgãos, sendo cogitada a greve de jogadores no Campeonato Paulista pela falta de segurança. O promotor do Ministério Público Roberto Senise, responsável pelas ações no caso Portuguesa, também comentou o assunto com exclusividade na Rádio Jovem Pan.
Para ele, as torcidas organizadas possuem um contingente elevado de pessoas honestas, do bem, que se preocupam apenas em torcer e apreciar o futebol, mas há uma desorganização que não permite o controle a marginalidade. “É complicado, porque às vezes impera a lei do silêncio dentro das torcidas, como em muitas comunidades brasileiras”.
As tentativas de conversas com clubes para haver uma separação e uma desvinculação com as torcidas organizadas foram várias, e Senise comenta que em outubro de 2013 o Ministério Público propôs que os dirigentes assinassem um termo de compromisso, para que eles parassem de subsidiar as organizadas. “Alguns deles negaram, perante o MP, que dessem ajuda, e mesmo assim se recusaram a assinar o termo. Nesta última semana o Sindicato dos jogadores pediu providencia para retomar a discussão com clubes, e vamos tentar sensibilizá-los da importância de tomar atitude mais drástica nessas situações, para que a segurança de jogadores e torcida possa ser preservada”.
Senise relembra que muitas torcidas organizadas surgiram de dentro de clubes e são sustentadas, diretas ou indiretamente, pelos times. “Sempre tem o jogador que chega e quer prestígio, ou para evitar hostilização, comissões técnicas e diretores inescrupulosos que apoiam e até dão dinheiro a eles. É um sistema construído por décadas que faz com que as organizadas tenham diretorias como reféns, pois diretores ganham dinheiro por fora, como um caixa dois com venda de ingressos e outras situações. Por medo eles acabam cedendo, e é criado um poder econômico e politico paralelo ao do próprio clube”.
Caso Portuguesa
O promotor informou que a próxima semana pode trazer uma novidade em relação ao caso Portuguesa. O Ministério Público deve apresentar até quarta-feira uma ação civil pública sobre o julgamento do STJD, que irá pedir uma liminar e pode mudar os rumos do Campeonato Brasileiro 2014.
“Se o judiciário acolher o pedido haverá mudança na tabela e também um pedido de indenização, pois é uma situação complicada que gera prejuízo a todos”.
Negando defesa à Portuguesa ou ao Flamengo, Senise ressalta que papel do Ministério Público é defender a coletividade de torcedores de maneira geral, e que pedirá rescisão das decisões do STJD.
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