Promotor questiona sentimento de vulnerabilidade alegado por Pistorius

Pistorius será submetido a exame psiquiatrico durante 1 mês

O promotor do julgamento de Oscar Pistorius, acusado de assassinar sua namorada, pôs em dúvida na audiência desta segunda-feira o sentimento de “vulnerabilidade” que o atleta afirma ter sentido na noite em que matou a tiros sua parceira, a quem alega ter confundido com um ladrão. Na audiência no Tribunal Superior de Pretória, o promotor, Gerrie Nel, afirmou que Pistorius tinha tudo para se sentir seguro na noite de 14 de fevereiro de 2013, quando atirou na modelo Reeva Steenkamp.

“Aqui falamos de alguém com todos os meios para se proteger, que vivia em um complexo seguro, com um sistema de alarme”, alfinetou o promotor para Wayne Derman, especialista em medicina desportiva que trabalhou com Pistorius, e que tinha destacado o medo permanente em que o corredor vivia.

Nel ressaltou que são as pessoas “pobres, sem-teto e idosas” que têm motivos de se sentir vulneráveis, e não Pistorius.

O atleta paraolímpico, conhecido como “Blade runner” por causa do formato das próteses de carbono que usa para correr, alegou durante o processo de sua extrema suscetibilidade a ser vítima de roubos e outro tipo de crimes para explicar seu comportamento na noite da morte de Steenkamp.

Segundo sua versão, Pistorius atirou porque sentiu pânico, sem saber que era a modelo que estava dentro do banheiro do casal, pois pensava que um invasor tinha entrado na casa.

Como já disseram outras testemunhas da defesa, o médico desportivo explicou à juíza, Thokozile Masipa, que Pistorius, que teve as duas pernas amputadas aos 11 meses de idade por causa de um problema genético, se sente mais vulnerável do que a maioria das pessoas por sua incapacidade.

Derman encerrou hoje seu testemunho após ser interrogado pelo promotor durante vários dias, e poderia ser, segundo o advogado de Pistorius, Barry Roux, a última testemunha da defesa.

Roux pediu hoje a Masipa o adiamento até amanhã da sessão, para decidir os próximos passos antes de finalizar sua argumentação.

O promotor considera falsa a versão de Pistorius, e o acusa de ter matado intencionalmente Steenkamp após uma briga, que teria sido ouvida por vários vizinhos intimados a testemunhar pelo próprio Nel. O julgamento de Pistorius começou em 3 de março no Tribunal Superior de Pretória. O atleta se tornou, nos Jogos de Londres, o primeiro com as duas pernas amputadas a participar das Olimpíadas.