Promotores criticam soltura de invasores do CT do Corinthians; Mano pede “socorro”
Um grupo de torcedores do Corinthians invadiu o CT e cometeram atos de vandalismo
Torcedores do Corinthians invadiram CT Joaquim GravaO alvará de soltura concedido aos quatro torcedores que participaram da invasão ao CT do Corinthians em 1º de fevereiro incomodou o promotor do Ministério Público de São Paulo Roberto Senise. Para ele, a decisão é vista com desconfiança e passa impressão de fragilidade no sistema.
Em conversa com a Rádio Jovem Pan, Senise afirmou que o Ministério Público vai analisar a necessidade de responder à decisão, porque as imagens da invasão são fortes. “Não tenho conhecimento das razões para o juiz decidir a decisão de soltura, mas não podemos esquecer que um era foragido, não terá mandado de prisão expedido e outro já havia se metido em confusão em Oruro [quando o garoto Kevin Espada foi morto atingido por um sinalizador] e em Brasília [na briga entre torcedores do Corinthians e do Vasco]”.
A sensação de impunidade que a decisão passa para torcedores pode ser resolvida com criação de uma política criminal específica, diz o promotor. “A União e os Estados precisam estar em parceria para voltarmos a ter paz no futebol, para não enxugarmos gelo com prisões temporárias”.
Mano Menezes, que esteve presente no dia da invasão e chegou a conversar com os torcedores, lamentou a decisão. Para ele, dá a ideia clara dos problemas no país, com acontecimentos que deixam mais preocupados. “Socorro, o negócio tá ficando feio. Como se todo mundo tivesse possibilidade de entrar em repartições publicas por não estar feliz com o trabalho realizado e quebrar tudo, mas é a justiça”.
O presidente da Comissão de Direito Desportivo da OAB de São Paulo, Patrick Pavan, também comentou o caso, e discorda do alvará expedido. “Eu vejo como configurado crime, invadir é ato de vandalismo”.
Ele pediu uma maior punição a torcedores que se envolvem em confusões, e explicou que a OAB-SP tem trabalhado em movimento de paz para o estádio, que já conta com apoio de Corinthians, Palmeiras e São Paulo. “Precisa ter a extinção de torcidas organizadas, ou fazer valer o Estatuto do Torcedor. Quem agride ou participa de confusões tem que cumprir pena, punição de não ir ao estádio”.
No documento, uma das justificativas do juiz Gilberto Azevedo Morais Costa é: “Descontada a raiva que os torcedores carregavam em razão de os atletas não conseguirem evitar sequer uma derrota humilhante, nenhum outro ato ilícito se verificaria. Aliás, é em razão de os integrantes de torcidas organizadas, vez ou outra, em momentos específicos como o noticiado, se disporem a cometer crimes contra principalmente os jogadores que não se pode falar em quadrilha”.
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