Provocações, craques e malandragem: entenda a onda de nostalgia do futebol dos anos 1990

  • Por Jovem Pan
  • 13/10/2015 19h27
Montagem sobre Folhapress/Reprodução As provocações

A admiração do torcedor brasileiro pela Seleção anda em baixa, especialmente após o vexame na Copa do Mundo de 2014 e o futebol pragmático praticado pela equipe sob o comando de Dunga. Para muitos, a responsabilidade por essas decepções é o futebol moderno e o comportamento dos jogadores atuais. Essa ideia reforça a saudade do futebol mais antigo e romântico, e os anos 1990 são uma referência para os mais saudosistas.

Esses nostálgicos têm se manifestado cada vez mais na internet, em sites e páginas de redes sociais criadas para expressar a aversão às chuteiras coloridas, às selfies de jogadores, às declarações cuidadosas, à falta de personalidade dos craques – enfim, a tudo que simboliza o chamado “futebol moderno”. Confira, abaixo, os motivos pelos quais o futebol dos anos 1990 é lembrado com tanto romantismo e colocado como superior ao atual futebol moderno.

Os grandes jogadores

O talento dos jogadores brasileiros sempre foi inquestionável, mas nos anos 1990 era abundante. A Seleção Brasileira chegou a ter, por exemplo, Ronaldo, Romário e Edmundo brigando por uma vaga no ataque. Atualmente, qualquer um deles seria titular absoluto. Além disso, nossos craques fizeram boa parte de sua carreira no Brasil, diferentemente dos atuais, que muitas vezes saem daqui como desconhecidos para se destacar no exterior, como Hulk, David Luiz e Roberto Firmino.

São tantos os exemplos de craques que viveram nos anos 1990 o seu auge e hoje deixam saudades que a lista fica quase interminável: Romário, Renato Gaúcho, Vampeta, Edílson, Luizão, Edmundo, Túlio Maravilha, Bebeto, Clébão, Rivaldo, Viola, Dener, Marcelinho Carioca, Amaral, Müller, Raí, Neto, Evair, Jardel, e por aí vai…

As provocações

Media training? Ninguém sabia o que era isso nos anos 1990. Os jogadores de futebol não tinham a menor preocupação em parecerem bons moços, educados, sempre respeitosos com os adversários e disciplinados fora de campo. Até porque não havia profissionais contratados para ajuda-los a manter uma imagem desejável. Com essa liberdade toda, saíam pérolas como Vampeta chamando os são-paulinos de “bambis” e Viola imitando o porco para provocar os palmeirenses em clássico de 1993.

Os “zagueiros zagueiros”

A qualidade técnica de Thiago Silva, e mesmo de David Luiz, é indiscutível. No entanto, o choro do capitão da Seleção Brasileira na Copa do Mundo, antes das cobranças de pênalti contra o Chile nas oitavas de final, praticamente acabou com sua moral com os torcedores brasileiros. Não que a pressão não fosse compreensível. A questão é que, nos anos 1990, zagueiros como Clébão (foto) se destacavam pela aparência imponente, pela raça e pela seriedade dentro de campo. Eram os tais “zagueiros zagueiros”. Não havia também redes sociais para que postassem selfies com a língua pra fora.

Esse discurso pode parecer um tanto intransigente, mas faz muito sentido para os saudosistas. Para eles, um dos motivos da decadência da Seleção e do futebol brasileiro é a falta de jogadores com o mesmo perfil daqueles de antigamente.

As chuteiras pretas

Outro detalhe aparentemente sem importância que tem sido ressaltado pelos nostálgicos do futebol antigo são as cores das chuteiras. Antigamente, praticamente todos os jogadores usavam chuteiras pretas, enquanto que hoje em dia é raro ver alguma nessa cor. Amarelo, laranja, verde, rosa… As chuteiras se tornaram mais chamativas do que o futebol de muitos atletas pelos campos do Brasil e do mundo. Para muitos, são um sinal de perda de seriedade e de foco naquilo que interessa: a vitória.

A vida boêmia

Pode parecer contraditório, mas os mais saudosistas apontam justamente a vida “libertina” e boêmia como um dos motivos para os jogadores, e consequentemente o futebol, de antigamente serem melhores. Isso porque, ao ceder às tentações carnais e não negar uma cerveja e uma festa, os jogadores se aproximam do “ser humano comum” e aumentam a identificação com os torcedores. No entanto, é claro que esses comportamentos têm de vir acompanhados de bom desempenho em campo, o que muitas vezes é difícil de acontecer.

As brigas e pancadarias

É claro que aqueles momentos de cenas lamentáveis, quando os jogadores saíam na mão dentro de campo, não eram bons exemplos para ninguém. No entanto, a predisposição a resolver as diferenças na porrada também é apontada como um sinal de dedicação ao time e à camisa que se defendia.

A malandragem

Outro julgamento a respeito do comportamento dos jogadores é a chamada malandragem. Para os defensores dos anos 1990, os boleiros de antigamente faziam jus ao apelido e mostravam saber se virar em diferentes situações usando as táticas do malandro. Só que, diferentemente da vida boêmia e da predisposição às brigas, a malandragem pode ser um diferencial positivo dentro de campo, especialmente na hora de iludir os adversários nas jogadas decisivas.

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