Rainha do basquete, Hortência se dedica a projetos e não confia em Seleção feminina

  • Por Jovem Pan
  • 23/03/2014 12h25

É preciso melhorar a qualidade da educação

Patricia Stavis/Folhapress Hortência participa da Campanha Brasil Melhor

Longe das quadras há 18 anos, Hortência não abandonou o basquete. Conhecida como “rainha”, ela fez parte da geração brasileira que trouxe conquistas para a Seleção, como as medalhas de ouro nos Jogos Pan-americanos de 1991, em Havana e no Campeonato Mundial da Austrália, em 1994, e a medalha de prata nas Olimpíadas de 1996, em Atlanta.

Hoje ela segue trabalhando com o esporte, e contou com exclusividade à Jovem Pan como estão os projetos.

No jogo das estrelas da Liga Feminina de Basquete do ano passado, Hortência promoveu uma ação social para alertar as mulheres sobre o câncer de mama. Para ela, não foi algo novo, já que no masculino este tipo de ação já ocorre, mas é uma semente de uma ideia.

­­“Na verdade, a gente criou um produto separado da liga. No ano que vem, não vai ser mais o Jogo das Estrelas em prol do câncer de mama. Como foi um sucesso, a gente faz outro tema. Por exemplo: o Jogo das Estrelas contra a violência contra a mulher. Vamos mostrar que a liga hoje é mais humana, não é só colocar a bola dentro da cesta. Ela também faz parte das áreas sociais, mexe com crianças, com problemas ligados à mulher. Temos a obrigação de levantar esse tema”.

As crianças também são uma preocupação da ex-atleta. Hortência pensa em um projetos de longo prazo, que envolvem desde levar jogadores às escolas, para apresentar o basquete aos alunos e dar a eles a oportunidade de ver uma partida no ginásio com o de preparar novos atletas e incentivá-los no esporte.

Em parceria com clubes, ela promove ações sociais que, segundo ela, são importantes para abrir o olho da criança para a prática esportiva. “Independentemente de estar ganhando ou perdendo, fez a cesta elas gritam e essa reação é muito bacana para a gente”.

A experiência internacional, com nome no hall da fama em Tennessee, nos EUA, e em Madri, na Espanha, Hortência se inspirou em projeto da NBA feminina para crianças e decidiu embutir nos clubes brasileiros: “Em uma rodada da liga, durante essa rodada, podemos estimular as crianças a gostar do basquete. Nessa rodada, vamos fazer todos os jogos à tarde, para que as crianças possam ir. A gente vai até a escola, pega essa criança, ela assiste o jogo e depois devolvemos essa criança na escola. Se ela não vem até o basquete, a gente vai até ela”.

Pensando no futuro do basquete, Hortência planeja também um liga de desenvolvimento, com atletas de até 21 anos. É algo que servirá como um trampolim para que os jovens não desistam da prática esportiva nesta idade.

A “rainha do basquete” diz que não sabe definir se é mais difícil atuar dentro ou fora das quadras, que garante que gosta e, por isso, não fica preocupada. “Você faz. Você luta e briga por aquilo em que você acredita”. Depois de algum tempo na CBB, ela compara com o trabalho feito atualmente na Liga, e fica feliz com a credibilidade que alcançou. “Eu quero fazer a liga, quero estar junto com a liga, junto aos clubes. Na CBB, infelizmente, eu não tinha decisão, não tinha a caneta na minha mão. Agora na liga tenho essa decisão nas mãos. Você pode ver que, em seis meses que estou na liga, a liga já melhorou muito. Na CBB eu não conseguia fazer. A gente tinha muitas ideias, íamos atrás de dinheiro, mas não conseguíamos  ter isso na prática. Exista uma coisa que se chama inteligência coletiva, que não é só querer, é correr atrás e fazer”.

Com várias conquistas pela Seleção, Hortência não se mostra muito otimista com a equipe feminina, e não sabe como será o desempenho as Olimpíadas do Rio, em 2016. “Não estou muito por dentro do planejamento deles. O que eu vejo é o que sai na televisão. Não vejo uma seleção treinando até agora, não vejo investimento nas categorias de base. Tem algumas jogadoras que eu acho que são boas. O Sonnen, que é lutador do UFC, disse um negócio que é muito bacana. Ele falou: ‘ganha a luta não o melhor lutador, mas quem luta melhor’. Se o Brasil chegar em 2016 lutando melhor, existe a chance. Mas eu não sei se vai chegar lutando melhor”.

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