Reduzir a comida e fazer mais exercício são cruciais para uma vida saudável
Buenos Aires, 12 set (EFE).- Uma alimentação saudável, com porções menores e mais equilibradas, e a prática de exercício físico são fatores decisivos para manter uma vida saudável e mais feliz, afirmaram nesta sexta-feira os especialistas reunidos em Buenos Aires, que coincidiram em diagnosticar o fracasso das dietas tradicionais.
Cerca de 200 acadêmicos, médicos e esportistas participaram do Simpósio Vida Ativa e Saudável da Série Científica Latino-Americana (SCL), que durante dois dias analisou aspectos relacionados com a alimentação, o exercício, a felicidade e, inclusive, a hidratação na qualidade de vida das pessoas.
Os especialistas coincidiram na necessidade de se combater o sedentarismo, que causa cerca de 3 milhões de mortes por ano no mundo todo, além de incentivar hábitos saudáveis desde a infância e deixar claro que não há alimentos bons e maus, nem dietas milagrosas.
Paul Rozin, membro da Academia Americana das Artes e Ciências, foi contundente ao afirmar que “as dietas simplesmente não funcionam” e considerou que o segredo da boa alimentação está em desfrutar da comida nas quantidades adequadas.
“Não se deve reduzir o prazer que envolve a comida, que os alimentos sejam sem graça para serem saudáveis ou menos calóricos”, mas sim “encontrar a medida adequada nas porções para poder desfrutar da comida, sem que isso se reflita em um aumento de peso”, disse.
O fator cultural é determinante, acrescentou, como demonstram estudos realizados sobre os hábitos alimentares de franceses e americanos.
Os franceses têm dois anos a mais de expectativa de vida, têm bom paladar e não abrem mão dos alimentos mais calóricos, enquanto os americanos tendem a escolher uma comida sem sabor, com menos calorias. Mesmo assim, a França tem metade da população obesa dos Estados Unidos.
A razão: a porção média de comida em Paris é de 277 gramas em comparação com as 346 gramas em Washington, ou seja, 25% maior.
O segredo está na diminuição das porções, uma estratégia fundamental em um mundo onde 842 milhões de pessoas não têm o que comer, enquanto outros 500 milhões são obesos, acrescentou.
A também especialista argentina Mónica Katz considerou que as dietas fracassaram porque “proibir não adianta” e apostou no incentivo do “autocontrole”, em “comer sem demonizar” e na promoção de práticas saudáveis, como o esporte.
A luta contra o sedentarismo foi um dos focos de boa parte do simpósio, no qual os especialistas enfatizaram a necessidade de se conter essa “pandemia” que absorve entre 2% e 12% do orçamento dos sistemas nacionais de saúde.
A redução de apenas 25% do sedentarismo evitaria 1,3 milhões de mortes no mundo por ano, cerca de 679 mil nas Américas, segundo o especialista americano Michael Pratt.
A canadense Margo Mountjoy defendeu a introdução de “mudanças no comportamento” das crianças para formar uma geração mais ativa, com a redução dos deslocamentos motorizados, da exposição excessiva à televisão e aos videogames.
O chileno Jorge Cancino López, especialista em ciências da atividade física, destacou a importância de se fazer “pelo menos 30 minutos de atividade física por dia” que, no caso dos adultos mais velhos, deve ter a supervisão de um médico.
Já os especialistas Robert Murray e Matthew Ganio apontaram que é fundamental uma correta hidratação, especialmente na prática esportiva, para evitar comprometer a circulação sanguínea, o desempenho cardíaco e, inclusive, para manter o ânimo.
A alimentação equilibrada, o exercício e a hidratação são fatores que, como explicou Sonja Lyubomirsky, professora de Psicologia na Universidade da Califórnia, contribuem para aumentar a felicidade e as defesas do organismo.
Além disso, opinou que as pessoas felizes têm maior resistência a um dos mais principais males das sociedades modernas: o estresse. EFE
mar/rpr
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