Resistente a crises, Blatter chega a seu 5º mandato na presidência da Fifa

  • Por Agencia EFE
  • 29/05/2015 16h04
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Olga Martín.

Redação Central, 29 mai (EFE).- Joseph Blatter renovou nesta sexta-feira seu mandato como presidente da Fifa após 17 anos no cargo e calou nas urnas as vozes que pedem sua saída há muito tempo, mas especialmente nas últimas 48 horas, depois da detenção de sete dirigentes da entidade.

A primeira votação teve vitória de Blatter sobre o príncipe jordaniano Ali bin al Hussein por 133 votos a 71. Faltaram sete para que ele obtivesse maioria absoluta, mas não houve segunda votação. Seu adversário desistiu antes.

A continuidade de Blatter, ratificada no 65º Congresso que a Fifa realizou em Zurique, representa a vitória mais importante de sua longa carreira como dirigente esportivo, dada a magnitude do escândalo gerado pelas investigações da Justiça dos Estados Unidos e das autoridades suíças.

Ligado desde 1975 à Fifa, da qual foi secretário-geral de 1981 a 1998, ano em que sucedeu o brasileiro João Havelange como presidente, Blatter voltou a mostrar mestria em lidar com crises.

Ele não se alterou em nenhum momento e seu semblante aparentava tranquilidade nos últimos dias, apesar das detenções dos dirigentes. Exibiu o mesmo estilo com o qual presidiu a organização esportiva mais poderosa do mundo, abalada nos últimos anos por acusações de corrupção e compra de votos, especialmente desde a escolha de Rússia e Catar como sedes das Copas de 2018 e 2022.

Aquele processo marcou seu último mandato, iniciado meses depois da votação, em dezembro de 2010, e cercado de polêmicas desde o primeiro momento, já que seu adversário declarado nas eleições de 2011, o catariano Mohammed Bin Hammam, acabou fora da disputa por tentar comprar votos.

Afastado das acusações do atual escândalo e das renúncias forçadas, em 2013, de membros de seu comitê executivo por recebimento de pagamentos injustificados de direitos de transmissão, como Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, e até mesmo João Havelange, Blatter se ofereceu como a melhor opção para a presidência.

Formado em Economia e Administração de Empresas pela Universidade de Lausanne e com grau de coronel do exército suíço, “Sepp” Blatter (Visp/Suíça, março 1936) chegou à presidência da Fifa em 8 de junho de 1998, sucedendo Havelange, que estava no cargo desde 1974. Desde 1999, ele também é membro do Comitê Olímpico Internacional (COI).

Fluente em 5 idiomas – inglês, francês, espanhol, alemão e italiano -, Blatter iniciou sua carreira profissional no Escritório de Turismo de Valais – sua região natal. Ele também trabalhou na Secretaria-Geral da Federação Suíça de Hóquei no Gelo e o exercício do jornalismo.

Relações públicas e diretor de Sports Timing da relojoaria suíça Longines entre 1968 e 1975, ele teve seu primeiro contato com a Fifa naquele último ano e em pouco tempo ganhou a confiança de Havelange. Em 1981, o brasileiro o designou secretário-geral da entidade.

Embora ele pensasse em sair da Fifa junto com Havelange, várias federações o incentivaram a concorrer à presidência contra o sueco Lennart Johansson – então presidente da Uefa. Em 2002, às vésperas de sua primeira reeleição, seus opositores o acusaram de comprar votos e de levar à organização a uma ditadura.

O camaronês Issa Hayatou, ainda hoje no Comitê Executivo, foi seu adversário na ocasião. Blatter ganhou com autoridade – 139 votos de 197 possíveis – e apagou aquele incêndio, que levou à demissão de seu secretário-geral, Michel Zen-Ruffinen, depois declarado persona non grata para a Fifa.

Em um ambiente mais tranquilo, ele chegou a uma nova reeleição, ocorrida em 2007 para não coincidir com um ano de Copa do Mundo, e venceu sem oposição. Da mesma forma aconteceu com a quarta reeleição, em 2011, após a inabilitação de Bin Hammam, embora as acusações de compra de votos nas escolhas das sedes dos Mundiais de 2018 e 2022 o tivessem levado a introduzir mudanças em seu estilo de gestão.

Uma delas foi investigar o caso e fortalecer sua Comissão de Ética, formada desde então por um órgão de investigação e outro de decisão, mas que não parece ter o efeito desejado.

Recentemente, o presidente da câmara de investigação, o ex-promotor americano Michael J. García, renunciou depois que seu relatório sobre a Rússia e Catar não foi publicado na íntegra e após o órgão de decisão fechar o caso sem encontrar irregularidades.

Desta vez, Blatter iniciará seu quinto mandato em meio a dúvidas sobre o que farão seus críticos, entre eles seu amigo e presidente da Uefa, Michel Platini, outrora considerado seu afilhado político e que pessoalmente, e sem sucesso, tentou convencê-lo a deixar o cargo. EFE

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