Revista desvenda o submundo dos rumores e negociações no futebol

  • Por Jovem Pan
  • 25/03/2015 17h11
Jogador deixou o Tottenham EFE/Zipi Gareth Bale é apresentado no Real Madrid

A famosa revista inglesa de futebol FourFourTwo mergulhou nos bastidores de um setor do esporte que move fortunas ao redor do mundo. Na Inglaterra, e também no Brasil, os rumores, boatos e insinuações no mercado de transferências de jogadores tem um papel importante no desenrolar das negociações. Todas as partes envolvidas jogam de acordo com seus interesses, e a publicação ouviu cada uma das partes, de forma anônima, para tentar desvendar como essas movimentações acontecem.

“Os torcedores ficam tristes quando uma negociação não acontece? Provavelmente, mas somente se o seu time está envolvido. A maioria fica satisfeita com um pouco de informação escondida, porque todo mundo adora especulações. Todo mundo ama saber de algo que não deveria saber”, analisa o agente de jogadores consultado pela FourFourTwo.

Esse gosto pelos boatos começou no fim da década de 1960. Rupert Murdoch, australiano magnata das comunicações, comprara o jornal The Sun e, nos seus planos para a publicação, os fãs de futebol eram um público importante. Entretanto, por conta da limitação das máquinas de impressão do jornal, as edições tinham de ser fechadas muitas horas antes de chegar às casas dos leitores e bancas de jornal.

Como não havia tempo para falar sobre os jogos por conta desse atraso, a solução foi apelar para os rumores a respeito de transferências de jogadores. Quando o problema com as máquinas foi resolvido, a intenção era parar com essa estratégia, mas os leitores, acostumados ao tema, não queriam que ele saísse das páginas dos jornais.

Segundo um jornalista, a demanda por informações é insaciável. “Quando você vê os números da audiência online, as matérias sobre transferências são as mais acessadas das editorias de esportes. Mesmo um leve relato de negociação envolvendo um dos grandes clubes pode chegar ao topo”, diz, antes de explicar como trabalha. “Metade do que eu faço é ficar por dentro das coisas. Qual jogador está chegando ao fim de seu contrato, ou quais posições seu time está precisando melhorar. Então você mira esses jogadores e seus agentes e começa a fazer ligações”.

Os jogadores também se aproveitam do interesse da imprensa e do público para chegar a seus objetivos. “Numa ocasião, um colega de time queria se transferir para outro. Num dia de folga, ele disse para um jornalista local que tinha sido tirado do treino com os titulares para treinar com os garotos da categoria de base. Ele foi a um treino que não deveria só para ser fotografado!”, conta um jogador à revista. “Uns dias depois ele estava radiante no vestiário, dizendo: ‘Funcionou: o time que eu queria me procurou”.

Os clubes, é claro, também não ficam atrás nessas manobras. “Em alguns casos, quando um time não consegue vender um jogador pelo preço que pretende, um dirigente ou o treinador pode ligar para alguém de outro clube e dizer: ‘Olha, eu quero vender esse jogador por 9 milhões, mas estão me oferecendo apenas oito. Você pode ligar para algum jornalista e dizer que pagaria nove por ele?’”, conta um dirigente. “Se der certo, é provável que você consiga vender o jogador pelo preço que quer para o único time que realmente estava interessado nele”.

Na Inglaterra, os jornais se dedicam muito a essas especulações. No Brasil, essa cultura também existe, mesmo que em menor intensidade, e o exemplo inglês ajuda a entender como as coisas funcionam por aqui também.

 

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