Rigoroso, Diniz explica “esporro” em zagueiro e vê ato como prova de confiança

  • Por Jovem Pan
  • 23/02/2017 12h34

Fernando Diniz deu uma bronca pública em André Castro na primeira rodada do Campeonato Paulista

Reprodução Fernando Diniz deu uma bronca pública em André Castro na primeira rodada do Campeonato Paulista

Arena Barueri, 5 de fevereiro de 2017. Trinta minutos do primeiro tempo. Ao apito do árbitro que determina o início da parada técnica soma-se uma bronca histórica, que chama a atenção e constrange quem está por perto. Fora de si, Fernando Diniz ignora as câmeras, põe o dedo em riste e dá um “esporro” homérico no zagueiro André Castro, que acaba de falhar em um gol do São Paulo. Xingamentos e gritos de “fica quieto” alternam-se a instruções intensas, que chocam os presentes. 

Mas o técnico do Audax é assim. Rigoroso, exigente, perfeccionista. E os jogadores sabem disto. Em entrevista exclusiva a Flavio Prado que vai ao ar no próximo fim de semana, na Rádio Jovem Pan, Fernando Diniz abriu o coração e explicou o que o levou a repreender o capitão do time de Osasco em tom tão elevado na partida contra o São Paulo, pela primeira rodada do Campeonato Paulista. 

Formado em psicologia, Diniz cobrou uma visão mais ampla sobre o fato. E o classificou como um exemplo daquilo que considera ser o mais importante para o trabalho de um treinador: a relação de confiança com os jogadores. “Para quem está de fora, a crítica na maioria das vezes vem de uma forma superficial. Mas o que está por trás daquilo que é o importante. E ninguém gosta de investigar“, filosofou o comandante do Audax.

Para você fazer aquilo com um jogador e ele aceitar, é porque há uma estrutura relacional muito forte, e é isso o que me interessa. Tenho convicção plena de que estou apenas prestando um serviço humano de qualidade para o atleta. Quero simplesmente que ele evolua e consiga tomar conta do time, tanto que ele é o capitão. Vejo evolução no André desde o momento que o conheci, acrescentou.

Fernando Diniz não se incomoda com a fama de “ditador”  o que importa é que os jogadores não o interpretem mal. O tom elevado nas broncas e o exagero nas cobranças fazem parte de uma forma de trabalho minuciosamente pensada pelo técnico do Audax – definitivamente, um ponto fora da curva nos tempos do politicamente correto.

“Quando tem que ser concreto, tem que ser concreto. Não adianta apenas falar em bases filosóficas. O futebol é um meio muito imediatista, para ontem. E o resultado está acima de tudo o tempo todo. Você precisa estar atento a isto“, justificou.

É claro que o resultado não é tudo para mim, mas, às vezes, um descuido por uma falta de atenção custa um campeonato, um emprego… O futebol é uma coisa muita séria, e eu estou sempre tentando proteger o jogador, seja para o presente, seja para o futuro. Eu às vezes tenho uma condução um pouco mais rigorosa, mas, para mim, isso é um facilitador para poder implantar o meu trabalho e ajudar os atletas”, finalizou.

O rigoroso Fernando Diniz volta à ativa no próximo sábado, às 17h (de Brasília), contra o Ituano, no Estádio José Liberatti. Atual vice-campeão paulista, o Audax é o lanterna do Grupo D do Estadual, com quatro pontos – o primeiro colocado da chave é o Mirassol, com 13.

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