Rio 2016: o Brasil corre risco de sofrer um ataque do Estado Islâmico?

  • Por Daniel Keny/Jovem Pan
  • 19/11/2015 13h21
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Após os ataquem em Paris Folhapress Olimpíadas

De 5 a 21 de agosto de 2016 serão disputados os Jogos Olímpicos do Rio. A expectativa é que 4,8 bilhões de pessoas no mundo assistam à transmissão do evento, que vai reunir 15 mil atletas de 225 países e deve atrair 500 mil turistas ao país. Restando menos de um ano para a maior disputa esportiva do planeta, os ataques ocorridos em Paris acenderam um debate sobre a segurança antiterrorismo, especialmente nos países que combatem o Estado Islâmico. Neste momento de tensão internacional, o Brasil, como sede das Olimpíadas, corre algum risco de sofrer um ataque terrorista?

“Existe um risco concreto para todas as nações que tenham relações com os países ocidentais que desenvolvem ações no Oriente Médio. O Brasil participa das forças de paz no Líbano, ou seja, tem atuação direta no cenário onde os problemas ocorrem”, alerta Leandro Piquet, professor do Instituto de Relações Internacionais da USP.

“Apesar de o Brasil ser um país que não costuma se envolver em guerras internacionais, as Olimpíadas podem, sim, ser uma vitrine para os terroristas. Mas desde Pequim-2008 as regras para entrada em arenas e na Vila Olímpica são rígidas, o know-how adquirido desde então garante um alto nível de segurança”, opina Adalberto Leister Filho, jornalista esportivo e professor da FAAP.

Casos históricos

Nos Jogos Olímpicos de Munique (1972) e Atlanta (1996) aconteceram atentados. Na Alemanha, oito palestinos do grupo terrorista Setembro Negro invadiram a Vila Olímpica e fizeram 11 atletas da delegação israelense reféns. Durante a operação policial, todos acabaram mortos pelos terroristas. Em Atlanta, a bomba que explodiu no Centennial Olympic Park, a poucos metros da Vila Olímpica, matou duas pessoas e feriu outras 112. O atentado não foi assumido por nenhuma organização radical, mas, anos depois, o suspeito Eric Robert Rudolph, admirador de grupos religiosos extremistas, foi julgado e condenado pelo crime.

Algo semelhante é praticamente impossível de acontecer novamente, segundo os especialistas. “Na época, os membros do Setembro Negro pularam o muro da Vila vestidos com casacos esportivos e não foram parados pela segurança, que achou que eram atletas voltando da balada. Agora é preciso ter a credencial, há um cuidado muito maior”, afirma Adalberto. “Munique foi um aprendizado, hoje o mundo está muito mais preparado. O Brasil passou bem pela Copa do Mundo e deve contar com vários sistemas de segurança para prevenir ataques”, avalia Piquet.

Estamos preparados?

Os ataques em Paris atestaram o poder de adaptação do Estado Islâmico. O grupo terrorista mostrou-se capaz de driblar os serviços de inteligência de uma grande potência e ceifou vidas inocentes em uma das maiores metrópoles do mundo. Para Gunther Rudzit, especialista em segurança internacional e coordenador do curso de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco, o EI é difícil de ser combatido porque é imprevisível. “Ataques em aeroportos, aviões, arenas e até mesmo na Vila Olímpica parecem improváveis, há um grande preparo para esse tipo de evento. Mas o Estado Islâmico preocupa porque pode atacar restaurantes, bares e casas de shows deliberadamente”, diz.

Segundo Piquet, o Brasil tem tropas especiais bem preparadas, mas faltam protocolos de integração entre as polícias. “Temos um problema que é a distância entre as forças de segurança federais e estaduais. Diferente da França, precisaríamos fazer um esforço de coordenação muito maior para dar uma resposta organizada a um atentado terrorista”. Adalberto lembra que, durante as Olimpíadas, o Brasil contará com cooperação internacional na proteção dos atletas e da sociedade em geral. “A segurança será feita em conjunto com forças de policiais e de inteligência de outros países com experiência em terrorismo”.

Lei antiterrorismo no Brasil

O projeto de lei que define como terrorismo os atos motivados por extremismo político, religioso, preconceito e intolerância já foi aprovado pelo Senado. O texto prevê que quem praticar crime dessa natureza estará sujeito a pena de 12 a 30 anos de prisão. Em meio à repercussão dos ataques em Paris, a lei parece necessária para tipificar o que é terrorismo no país. “Precisamos ter uma legislação adequada. Por mais que o Brasil não seja um alvo direto, ter a lei antiterrorismo é uma forma de proteger os direitos da sociedade. Sou a favor”, afirma Rudzit.

O Brasil participa de acordos de cooperação com polícias do mundo todo, e a lei regulamentará a atuação da polícia em qualquer tipo de atividade relacionada à investigação de suspeitos. “A lei está encaminhada e finalmente estaremos alinhados à legislação dos países com os quais temos a necessidade de cooperar. Ela vai garantir o envio de provas de identificação de grupos e pessoas que pretendem realizar atos terroristas pelo mundo”, finaliza Piquet.

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