Rio verá adeus de Phelps e Bolt aos Jogos, mas terá ausências e dúvidas
Embora a lista de ausências da Olimpíada tenha LeBron James, Stephen Curry, Cesar Cielo e Maria Sharapova, o time dos presentes conta com Michael Phelps, maior medalhista da história, e provavelmente Usain Bolt, que busca o inédito tri nos 100m e 200m rasos. A principal dúvida é Yelena Isinbayeva, bicampeã do salto com vara que recorreu à Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF) pelo direito de saltar após o escândalo de doping na Rússia. Vários atletas chegam com o desafio de mais uma medalha de ouro.
A trajetória de Phelps e Bolt tem um apelo adicional: o fim da carreira. Depois de se aposentar em Londres/2012 e retornar às piscinas em 2014, Phelps obteve três vagas individuais na seletiva dos EUA e pode brigar por até seis medalhas de ouro no Brasil, somando-se os revezamentos. Está pronto para encerrar a carreira aos 31 anos no alto do pódio.
Bolt vai se aposentar após o Mundial de Londres em 2017. Plano feito antes das lesões recentes. “Não posso prever quem será o seu substituto. Ele deixará um enorme legado no esporte”, diz o técnico jamaicano Paul Francis.
Já estão confirmados também os candidatos a superastros, como o judoca francês Teddy Riner, dono de oito títulos mundiais e uma medalha de ouro. Ele chega ao Rio para se tornar o maior judoca da França na história. Na natação, estão Missy Franklin, dona de cinco medalhas, quatro de ouro, em Londres, e Katie Ledecky, considerada a sucessora de Phelps e que já bateu 11 recordes mundiais. Isso aos 19 anos. O fundista Mo Farah, campeão mundial e olímpico britânico, é uma barbada nos 5 mil e 10 mil metros.
A situação de Isinbayeva é uma incógnita. A Corte Arbitral do Esporte (CAS) decidirá se os 68 atletas russos que pediram isenção do banimento poderão participar da Olimpíada. O veredicto será dia 21 de julho. “Não posso dar opinião. A Fabiana (Murer) já ganhou e já perdeu de atletas russos”, diz o técnico Elson Miranda.
A ausência dos astros da NBA será sentida. Oito já avisaram que não vão jogar no Rio, entre eles o astro Stephen Curry e o campeão LeBron James. O golfe, que retorna aos Jogos após 112 anos, tem a maior lista de ausências, entre elas, Rory McIlroy, quatro vezes ganhador de torneios do Grand Slam, e o número 1 da atualidade, Jason Day.
No tênis, Sharapova está suspensa por dois anos por ser flagrada em um exame antidoping. Para os brasileiros, a ausência mais sentida é a de Cesar Cielo. Até Ítalo Manzine, o nadador que roubou a vaga do campeão, lamenta. “Ele é meu ídolo. Vai fazer falta”, disse.
Phelps chega em forma, velocistas sob dúvidas
A proximidade da aposentadoria não diminui a competitividade de Phelps, que estará no Rio para aumentar sua coleção de medalhas. Essa é a opinião de especialistas sobre a condição física e emocional do maior medalhista da história dos Jogos. Em relação ao velocista Usain Bolt, os jamaicanos estão cautelosos; os brasileiros, otimistas.
“Phelps vem ao Rio ampliar a coleção de medalhas que ele já possui”, diz Ricardo de Moura, superintendente executivo da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). “Ele está preparado psicológica e fisicamente para ganhar medalhas. Agora, se serão todas de ouro, são outros quinhentos.”
Arilson Silva, ex-técnico de Cesar Cielo, lembra que Phelps nadou para o melhor tempo do mundo na temporada passada nos 100m borboleta nas competições norte-americanas, mesmo sem ter participado do Mundial de Kazan. “Neste ano, ele tem a segunda melhor marca nessa prova (100m borboleta), o 2.º tempo nos 200m medley e 6.º nos 200m borboleta. A comparação pode ser pelos tempos ou pelas posições no ranking e competições, mas sem dúvida ele fará performances nesse nível.”
Detentor de três recordes mundiais (100m borboleta, 200m borboleta e 400m medley), Phelps vai brigar por até seis medalhas e luta para ser o primeiro tetracampeão na história dos 200 metros medley. Mesmo assim, ele mostrou certa frustração após os resultados da seletiva americana. “É frustrante, pois sei que apesar de vencer não consigo nadar ao mesmo ritmo e velocidade do passado. Estou em boa forma, mas consigo ser mais rápido. Nesta fase da carreira não ponho limite de tempo ou metas, mas sei que posso fazer melhor”.
Sobre Bolt, as certezas desaparecem. Membros da Federação Jamaicana de Atletismo evitam fazer projeções antes da definição sobre sua ida aos Jogos – na sexta, como era esperado ele confirmou presença na etapa de Londres da Diamond League. O técnico Glen Mills reconhece que Bolt estava em melhor forma física em Londres-2012. “Ele precisa estar confirmado primeiro antes de falarmos sobre expectativas para a Olimpíada. A prioridade é melhorar”, disse Mills.
Michael Fennell, presidente da Associação Olímpica da Jamaica, também coloca sua opinião no condicional. “Uma vez que Bolt esteja em forma, ele estará no topo”, afirma.
Os brasileiros mostram otimismo. “Não dá para ter dúvidas sobre o Bolt. Se ele se apresentar, será favorito”, analisa Antonio Carlos Gomes, superintendente de Alto Rendimento da Confederação Brasileira de Atletismo. “Torço para que ele esteja bem. Ele é um espetáculo e precisamos de espetáculo.” /COLABOROU PAULO FÁVERO
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