Rivellino entende “debandada” brasileira para a China: até Pelé iria

  • Por Jovem Pan
  • 20/01/2016 17h47
Daniel Augusto Jr./Agência Corinthians Roberto Rivellino e Tião formaram uma das melhores duplas de meio-campo da história do Corinthians

Renato Augusto, Jadson, Gil e Ralf. Quatro titulares do Corinthians campeão brasileiro em 2015 não resistiram às absurdas investidas do futebol chinês e deixaram o clube alvinegro para jogar em um país com pouca tradição no futebol. Eles tinham potencial para se eternizar no coração do torcedor corintiano, mas, seduzidos por astronômicos saláriosoptaram por sair – mesmo caminho seguido pelo santista Geuvânio e pelo são-paulino Luís Fabiano. Será que fizeram a escolha certa? Para um dos maiores ídolos da história do Timão, sim. 

Em entrevista a Nilson César e Fausto Fávara, da Rádio Jovem Pan, Roberto Rivellino disse entender a “debandada” de jogadores brasileiros para a China. Sincero como sempre, o ex-meia ousou afirmar que, hoje em dia, até mesmo o maior jogador de todos os tempos não conseguiria ficar muito tempo no Brasil – Pelé jogou no Santos por 19 anos até se transferir ao New York Cosmos, dos Estados Unidos, no fim da carreira. 

“Hoje, as oportunidades para um jogador de futebol profissional são muito maiores”, explicou Rivellino. “Você, por exemplo, tem uma China que abre os cofres e paga o que quer. Como que um jogador pode rejeitar as ofertas que ela faz? Antigamente, o Pelé, que era o maior jogador do mundo, ficava a carreira inteira no Santos. Mas imagina se o Pelé jogasse hoje em dia: você acha que ele teria condição de ficar? Não aguentaria. Essas ofertas de hoje são irrecusáveis“, acrescentou. 

Assim como Pelé, Rivellino só deixou o futebol brasileiro no fim da carreira, quando já não jogava mais como no auge. Depois de brilhar por dez anos no Corinthians e de dominar o meio de campo do Fluminense por quatro temporadas, o dono da “Patada Atômica” se transferiu ao Al-Hilal, da Arábia Saudita, aos 33 anos. Apesar disto, até hoje é considerado por muitos como o ídolo máximo dos dois clubes – mesmo que não tenha conquistado nenhum título na equipe paulista. 

Devo muito dessa idolatria ao sistema da época“, admitiu Rivellino, sem qualquer ponta de vaidade. “Antigamente era outro mundo. Você pega, por exemplo, aquela Seleção Brasileira de 1970, que encantou o planeta, foi tricampeã mundial... Não saiu nenhum jogador do Brasil depois da Copa“, exemplificou. 

Mas e agora: como vai ficar o Corinthians após tantas baixasRivellino teme, apesar do sucesso do ano passado, quando Tite montou grande time mesmo após as saídas de Fábio Santos, Emerson Sheik e Guerrero. “Ele não é santo também, ? Não faz milagre“, brincou o ex-jogador. “A diretoria tinha que dar um respaldo maior para o Tite poder fazer um Corinthians competitivo. Hoje, a tendência é sofrer mais. Se você perde um Malcom, por exemplo, dá para encaixar alguém por ali. Se você perde um lateral, também consegue se virar. Mas Tite perdeu a base, a estrutura. Só falta agora o Elias sair. Se acontecer isso, aí mata o time“, decretou.

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