Sampaoli diz que se sente “refém” e quer deixar a seleção do Chile
O técnico Jorge Sampaoli disse nesta segunda-feira que se sente um “refém” na seleção do Chile e manifestou o desejo de deixar o comando da equipe.
“Nesse ambiente já não quero trabalhar nem viver no país. Nunca imaginei que em tão pouco tempo se destruiria a imagem de um ídolo que tanto deu ao futebol chileno”, disse o treinador argentino em entrevista divulgada pelo site “Faro Deportivo”.
“Estou francamente decepcionado e, nestas condições, não posso seguir dirigindo a equipe quando tenho a mente em outro lugar”, acrescentou Sampaoli, praticamente se despedindo da seleção.
Sampaoli se mostrou contrariado com o novo presidente da Associação Nacional de Futebol Profissional (ANFP), Arturo Salah, a quem acusou de mantê-lo como “refém” por não facilitar sua saída.
O técnico e o dirigente se reuniram várias vezes nos últimos dias para tentar resolver a situação. O técnico argentino tem uma cláusula de rescisão contratual de US$ 6 milhões.
Salah quer que o contrato seja respeitado, embora esteja aberto a negociar uma redução da rescisão. Já Sampaoli espera que o novo comando do futebol chileno permita que ele deixe a seleção depois de um pagamento de uma quantia mínima.
“Sinceramente pensei que Arturo Salah me entenderia e me deixaria livre. Ele mesmo viveu essa experiência e teve que deixar seu projeto (…). O cenário dos últimos meses é um motivo suficiente para que ele me libere”, defendeu Sampaoli.
O técnico está chateado depois de ter sido ligado ao escândalo de corrupção na ANFP. Sergio Jadue, ex-presidente da entidade, confessou ter desviado dinheiro da venda de direitos de transmissão de competições como a Copa América e está preso nos Estados Unidos.
“Afetaram a minha honra e minha dignidade pessoal pretendendo me ligar a todos os atos de corrupção do dirigente anterior e de aproveitarem esses momentos para levarem vantagens econômicas. Isso é incrível e inaceitável”, disse o técnico.
Sampaoli também explicou porque Jadue pagou uma parte de seu salário e dos prêmios recebidos no cargo em uma conta nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal, como revelou há algumas semanas a imprensa chilena.
“Há cinco anos eu ganhava US$ 3 mil. Não considera o senhor justo, então, que eu pretenda economizar depositando meus salários que protejam essa renda legítima e sobre a qual, além disso, os impostos estão regularizados por serem de responsabilidade do empregador?”, questionou Sampaoli.
A sequência do técnico, que está na Suíça para participar da premiação de melhor técnico do ano da Fifa, parece insustentável no Chile. As reuniões entre Sampaoli e os dirigentes da ANFP seguem nos próximos dias para definir seu futuro.
A ANFP pretende que Sampaoli fique no comando da equipe até a próxima rodada dupla das Eliminatórias para a Copa do Mundo, em março, para ter tempo de encontrar um substituto.
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