São Paulo dá vexame e perde para o Ceará, lanterna da Série B, no Morumbi

  • Por Lancepress
  • 20/08/2015 23h41
SÃO PAULO,SP,20.08.2015:SÃO-PAULO-CEARÁ - O jogador Rafael Costa do Ceará comemora gol durante partida entre São Paulo x Ceará, válida pela Copa do Brasil 2015, no estádio do Morumbi em São Paulo, SP, nesta quinta-feira (20). (Foto: Marcos Bezerra/Futura Press/Folhapress) Folhapress Rafael Costa fez dois gols pelo Ceará diante do São Paulo em pleno Morumbi

Seria difícil até para o próprio Rafael Costa imaginar o que o destino lhe reservaria para a noite desta quinta-feira, 20 de agosto de 2015. Há dois meses, o atacante de 27 anos estava sendo dispensado do Joinville-SC, então último colocado da Série A do Campeonato Brasileiro. Não passava pela sua cabeça fazer dois gols no Morumbi contra o São Paulo, ainda mais pelo Ceará, último colocado da Série B. Com a vitória por 2 a 1, o Vovô abriu vantagem no duelo válido pelas oitavas de final da Copa do Brasil e impôs ao Tricolor uma das páginas mais escuras de sua história recente.

Numa noite fria e com chuva, tudo que aconteceu na partida, passando pela redenção do atacante do Ceará e o desastre são-paulino, teve ares de incredulidade. A começar pela escalação do técnico Juan Carlos Osorio. Difícil de compreender e, novamente, surreal no seu efeito. Negativo. Osorio foi o primeiro a abrir espaço para Rafael Costa brilhar.

Após dizer que iria com o que tinha de melhor, o colombiano simplesmente inverteu o posicionamento de Pato, melhor jogador do São Paulo desde que ele chegou. O atacante passou a maior parte do primeiro tempo como ponta direita, com o lateral-esquerdo Carlinhos como ponta esquerda, e Reinaldo na lateral. Pato não rendeu o que vinha rendendo. Foi o símbolo de um time mais uma vez irreconhecível.

O erro na escalação foi apenas o abre-alas para uma atuação para esquecer do São Paulo, sobretudo se levada em conta o adversário. Além de lanterna da Série B, a equipe tinha 11 desfalques. Um time inteiro. E não tinha outra coisa a fazer senão se defender. Passou o jogo inteiro fazendo isso e buscando brechas para Rafael Costa se consagrar.

A primeira foi aos 17 minutos do primeiro tempo, quando Thiago Mendes o deixou livre após cobrança de escanteio. Até então, o Ceará defendia com nove jogadores e deixava seu centroavante à frente. Após o gol, a retranca passou a ser com os dez e o jogo foi disputado em 1/4 do campo, na grande área do visitante. Mas não foi suficiente para o São Paulo, que foi ao intervalo perdendo.

Até aí, a torcida tricolor já tinha se revoltado com o time. Vaias, gritos de “raça”, ameaça a jogadores por parte da torcida organizada. Os demais retrucavam neste momento. O Morumbi virou um misto de reclamações, com discussão entre os torcedores. Uma bagunça do tamanho do time de Osorio.

Novamente aos 17 minutos, agora do segundo tempo, veio o hecatombe. Fabinho foi derrubado por Luiz Eduardo na entrada da área e o árbitro marcou pênalti. Rafael Costa, ele mesmo, converteu. Estava 2 a 0 para o Ceará, sim, o lanterna da Série B, com 11 desfalques.

Ao São Paulo, que retornou sem Luis Fabiano, que reclamou de dores no joelho, restou ir ao abafa, sabe-se lá como. Dois minutos depois, Pato diminuiu, quando Osorio já tinha invertido seu posicionamento, voltando à ponta esquerda. O golaço, por cobertura, não deixou dúvidas: Osorio foi muito responsável pelo que aconteceu na noite.

O São Paulo ainda teve a estreia do colombiano Wilder, que acertou o travessão no fim do jogo, após o goleiro Luis Carlos, outro herói cearense, praticar uma sequência de defesas. A noite era do time do Nordeste. Era mesmo de Rafael Costa.
O atacante, com os gols, vai curtir um aniversário feliz, ao completar 28 anos no próximo domingo. No mesmo dia, há 103 anos, nasceu também Nelson Rodrigues, um dos maiores escritores brasileiros da história, falecido em 1980. Também por Nelson, Rafael Costa foi meu personagem do dia.

Por causa dele, o Ceará pode até perder por 1 a 0 na próxima quarta-feira, em Fortaleza, que estará classificado para as quartas de final da Copa do Brasil. Se isso acontecer, o Tricolor vai se lembrar dele por um bom tempo, como de Erik, carrasco no último sábado, na vitória do Goiás por 3 a 0, no mesmo Morumbi.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.