Seleção encara voo fretado e ônibus na Cordilheira para partida na Venezuela
A Seleção Brasileira encerra neste domingo a sua tranquila passagem por Natal, com viagem rumo ao destino mais complicado da América do Sul neste momento. O deslocamento para Mérida, local do jogo desta terça-feira contra a Venezuela, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018, é mais complicado do que até mesmo a ida para a altitude de La Paz, na Bolívia, pelas condições ruins de acesso à cidade e o temor com as condições socioeconômicas do país. O planejamento exigiu da CBF atenção com a logística e deslocamento das bagagens.
A inexistência de voos diretos entre Brasil e Venezuela, ao contrário da oferta para outros países vizinhos, obrigou a CBF a fretar avião com destino à região oeste do país. O aeroporto mais próximo é em El Vigia, cidade a 70 km de Mérida. Daí para frente o caminho será por estrada sinuosa na Cordilheira dos Andes. O deslocamento terrestre deve levar cerca de 1 hora e 30 minutos.
Outra preocupação da CBF foi reforçar a quantidade de produtos de uso pessoal para os jogadores e comissão técnica. Embora não se pronuncie sobre o tema, a entidade teve o cuidado de preparar a bagagem com alimentos e itens de higiene usados pelo elenco para evitar o problema de abastecimento enfrentado pela população da Venezuela. No último mês, a Argentina esteve em Mérida e carregou para a cidade desde toalhas até papel higiênico e sabonetes por temer a mesma dificuldade.
A CBF evita detalhar o planejamento para não gerar repercussão negativa sobre o tema no país vizinho. Oficialmente, a informação é genérica. “A CBF tem cuidado esmerado com todos os aspectos de viagens, de voo à comida. Tudo o que foi pensado para ir à Venezuela está dentro do esperado”, explicou o chefe da delegação, José Vanildo. A equipe sai na tarde deste domingo de Natal, em voo fretado de cerca de sete horas de duração, e faz treino em Mérida, nesta segunda-feira, no local da partida.
A logística das Eliminatórias tem sido alvo de estudo dos dirigentes brasileiros. A dificuldade em encontrar voos, somada ao pouco tempo de treinamento, levou a CBF a tomar medida inédita para a preparação em Natal a fim de receber a Bolívia. A entidade fretou avião de Madri até a capital potiguar para trazer os 13 jogadores que atuam na Europa. “Foi mais fácil do que contar com viagens espalhadas de um ou de outro, com conexões em São Paulo ou Rio de Janeiro, antes de pegarem outro avião para Natal”, explicou o coordenador de seleções da entidade, Edu Gaspar.
A viagem da Europa para Natal, de cerca de sete horas e meia, terminou na tarde de segunda-feira, com a chegada do grupo ao hotel. Todos foram avaliados pela comissão técnica para aferir o desgaste, pois a maioria atuou no fim de semana nos campeonatos europeus. O Brasil agora conta com um preparador físico de dedicação exclusiva: Fábio Masheredjian, ex-Corinthians. É responsável também por monitorar o desgaste de cada atleta nos seus respectivos clubes para evitar lesões durante estadia na seleção.
VÍTIMA DA LOGÍSTICA – Um erro na preparação da viagem atrapalhou a Bolívia bem antes de sofrer a goleada de 5 a 0 do Brasil. A seleção levou nove horas para sair de Santa Cruz de la Sierra e chegar à capital potiguar por ter programado voo fretado com escala em Goiânia. Como o aeroporto escolhido não tem imigração e só recebe voos locais, a rota teve de ser alterada.
A delegação transferiu a parada de abastecimento para Brasília, onde foi obrigada a deixar o avião e fazer o procedimento legal. O processo demorou três horas. Os bolivianos só chegaram ao local da partida contra o Brasil na noite da véspera do confronto. Os jogadores tiveram pouco tempo para treinar na Arena das Dunas.
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