Seleção faz melhor Copa desde 2002, mas sofre maior vexame de sua história
Douglas Rocha.
Redação Central, 23 dez (EFE).- Uma temporada com 12 vitórias e apenas duas derrotas em 16 jogos não pode representar um fracasso para uma equipe, mesmo a seleção brasileira, a não ser que essas duas derrotas tenham acontecido em uma Copa do Mundo em casa e que, somadas, incluam dez gols sofridos.
Os números desta temporada foram bastante favoráveis ao Brasil, que não vencia tantas partidas desde 2009, quando levou a melhor em 14. No entanto, daqui para frente, por todas as gerações, 2014 será lembrado como o ano do 7 a 1 para a Alemanha em uma semifinal de Copa em pleno Mineirão. O ano do maior vexame da história da equipe pentacampeã mundial.
Em 8 de julho, entre desfalques, possíveis erros na escalação, apagão e eficiência impiedosa do adversário, principalmente no primeiro tempo, a seleção foi goleada e humilhada, dando fim ao sonho do título em casa, alimentado desde o vice em 1950.
A conquista do título da Copa das Confederações com direito a um show sobre a então atual campeão do mundo Espanha na decisão e o fato de a Copa acontecer em casa fizeram com que 2014 se iniciasse com bastante expectativa.
Como vem acontecendo desde a última década, houve apenas uma data Fifa antes da convocação final para o Mundial, em março. Na ocasião, os comandados de Luiz Felipe Scolari golearam a África do Sul por 5 a 0 em Johanesburgo. Já com os 23 escolhidos definidos, em junho, o time bateu o Panamá por 4 a 0 em Goiânia e sofreu para derrotar a Sérvia por 1 a 0 no Morumbi, em São Paulo.
Na Copa, o caminho até as semifinais foi tortuoso, mas a equipe de Felipão superou a de Carlos Alberto Parreira, em 2006, e de Dunga, em 2010, que caíram nas quartas. A estreia, na Arena Corinthians, também na capital paulista, foi sofrida, mas a Croácia foi derrotada por 3 a 1. Depois disso, houve o empate sem gols com o México em Fortaleza e a única vitória convincente em todo o torneio, o 4 a 1 sobre Camarões, pior seleção da Copa, em Brasília.
No mata-mata, o Chile caiu nos pênaltis nas oitavas de final no Mineirão após empate no tempo real e na prorrogação, em que chegou a acertar o travessão do goleiro Julio César. O jogo teve clima tão tenso que o capitão Thiago Silva não segurou o choro ao ver que a partida seria decidida na marca de 11 metros.
Nas quartas, em Fortaleza, a Colômbia até exerceu certa pressão nos minutos finais, mas foi batida por 2 a 1 em outra partida de alta tensão e na qual o Brasil perdeu Neymar para o fim do torneio, com uma fratura na vértebra provocada por uma entrada de Camilo Zúñiga.
Sem o capitão Thiago Silva, que fora suspenso por receber o segundo cartão amarelo, e nem o principal craque, a seleção, escancarada no meio-campo, sucumbiu ao talento de Neuer, Kroos, Müller, Klose e companhia, sofrendo – atônita – sete gols pela primeira vez em 100 anos de história. Dias depois, o Brasil ainda perdeu para a Holanda por 3 a 0 em Brasília na disputa pelo terceiro lugar, e a Alemanha derrotou a Argentina por 1 a 0 no tempo extra no Maracanã para se sagrar tetracampeã.
Com o vexame, não houve alternativa aos cartolas da CBF que não fosse demitir a comissão técnica encabeçada por Scolari e Parreira. Embora tenha havido a expectativa – inclusive por parte do treinador – de que Tite assumiria o cargo, o escolhido dos dirigentes foi Dunga, que desde o fim de sua primeira passagem pelo comando da seleção, em 2010, treinou apenas uma equipe, o Internacional, pelo qual foi campeão gaúcho em 2013.
Como o elenco quarto colocado no Mundial era jovem, o capitão do tetra manteve a base, mas com duas mudanças fundamentais: Jefferson como goleiro titular e um centroavante com mais movimentação que Fred, bastante criticado pelo desempenho na Copa. Diego Tardelli e Luiz Adriano foram testados nessa função, assim como Neymar.
As escolhas deram certo, e a segunda “Era Dunga” começou animadora, com seis vitórias em seis amistosos. Os dois primeiros jogos, em setembro, contra Colômbia e Equador, foram duros, mas ambos terminaram com placar de 1 a 0 a favor da equipe pentacampeã.
Em outubro, a Argentina de Lionel Messi foi derrotada por 2 a 0 no Superclássico das Américas, e o Japão levou 4 a 0, com quatro de Neymar. O jovem craque já é o quinto maior artilheiro da história da seleção em partidas oficiais, com 42.
Para fechar bem um ano negativamente histórico, o Brasil obteve outras duas vitórias, em novembro, por 4 a 0 sobre a Turquia e por 2 a 1 contra a Áustria, que foi a primeira seleção a vazar a defesa brasileira desde o retorno de Dunga.
Em 2015, as grandes preocupações serão a Copa América, entre junho e julho, no Chile, e as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, que deverão ter início em setembro. O primeiro compromisso será um amistoso contra a França, em março, em Saint-Denis. EFE
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