Silas vê Tite “por cima da carne seca” e critica dirigentes “sem colhão para bancar treinador”
O treinador Silas está acertando com um novo time de fora de São Paulo, mas ainda não quis revelar qual. Ele disse em entrevista exclusiva à Jovem Pan que a carreira de um treinador é dividida em três partes de 10 anos cada (ele está no nono ano da primeira etapa).
Silas fala em uma “oscilação de mercado” e vê “muitos empresários monopolizando clubes, com muitos jogadores”. “(Os empresários) querem colocar treinadores que fazem parte do projeto deles, que nem sempre é o projeto do clube”, acusa.
Lembrando o título da Copa do Nordeste que conseguiu com o Ceará em 2015, Silas elogia o próprio trabalho (“é bom”) e lamenta não ter conseguido dar continuidade nos clubes por que passou. “A gente precisa ter calma porque não acontece só comigo, é uma situação de mercado mesmo”. Ele prega “perseverança” a si mesmo.
Silas também criticou a vinda de muitos estrangeiros e argentinos para jogar no Brasil. O técnico falou que, por experiência, sabe que é muito difícil jogar na Argentina e citou jogadores. Em seguida, deu como exemplo o companheiro de ofício Ricardo Gareca, que ficou apenas 13 jogos no comando do Palmeiras. “O Gareca aqui foi um desastre total”.
“O Brasil realmente é uma mãe”, disse. “A gente tem que dar essa abertura, mas tem que selecionar melhor também. E parar de criticar um pouquinho o que a gente tem aqui. Os nossos são bons também. E nem sempre o que vem de lá é bom”.
Estabilidade
Criticando a falta de estabilidade dos treinadores no Brasil, Silas citou exemplos de Cuca, Mano Menezes e Luxemburgo, que preferiram atuar em mercados menos vistosos, como o da China. O técnico, então, criticou os dirigentes brasileiros.
“A gente fala que treinador não está capacitado, mas vê pouca preparação de dirigentes”, disse. Para ele, os cartolas não possuem “colhão para bancar o treinador”. Silas conta que obteve o apoio incomum do assessor de futebol Luiz Onofre Meira no Grêmio. “Precisa(-se) de dirigentes com mais conhecimento de dentro do campo, do trabalho do treinador”.
Tite e a “carne seca”
Silas elogiou o trabalho de Tite (“com certeza hoje o melhor – treinador – do Brasil”) e vê o treinador do Corinthians como o natural sucessor de Dunga no banco da seleção brasileira.
“Tite amadureceu muito e conquistou coisas importantes. Está por cima da carne seca. Hoje se o corinthians perdeu, não vai ser culpa do Tite”, avalia. Silas diz que “todo treinador” quer alcançar o status profissional do atual campeão brasileiro.
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