Sindicato revela situação calamitosa no Barbarense e dispara: “futebol é ilusão”

  • Por Jovem Pan
  • 24/02/2016 14h50
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União Barbarense deve até sete meses de salários para alguns jogadores

Lucas Furlan/União Barbarense União Barbarense deve até sete meses de salários para alguns jogadores

Principal advogado do Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo (Sapesp), Felipe Rino concedeu entrevista exclusiva ao repórter Zeca Cardoso, da Rádio Jovem Pan, e disparou contra as más condições de trabalho oferecidas pelos clubes à grande maioria dos jogadores de futebol. Na mesma semana em que um estudo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) indicou que 82% dos futebolistas brasileiros recebem menos de R$ 1000,00 por mês, Rino colocou o dedo na ferida. 

“O futebol é um mundo de ilusão. As pessoas que estão fora dele acham que todo jogador é milionário, que ganha bem, tem vida boa, mas a realidade é outra“, afirmou o advogado. “Só em 2015, tivemos quase 500 ações trabalhistas somente de jogadores que tentam receber por aquilo que trabalharam. É um número até assustador. E nunca se trata de um mês só de atraso, acrescentou. 

Rino usou como exemplo uma tradicional equipe do interior paulista. O União Barbarense é um clube que já vem dando problemas há alguns anos. Somente nas duas últimas temporadas, houve cerca de 60 ações trabalhistas contra o clube, por falta de pagamento de salários, férias, décimo terceiro, FGTS, recolhimento de INSS, atletas que se lesionaram e ficaram esperando uma cirurgia por meses… Ou seja: lá, há uma situação calamitosa“, contou. 

De acordo com o advogado, os próprios jogadores do União Barbarense procuraram o Sapesp para reclamar. Os atletas recebem salários de R$ 1000,00 a R$ 4000,00, e há jogadores com até sete meses de atrasos. Além disso, muitos deles moram em alojamentos sem ventilação sob as arquibancadas do Estádio Antonio Lins Ribeiro Guimarães e comem apenas arroz, feijão e, quando dá, um tipo de carne. “São situações indignas para profissionais que precisam ter um bom preparo físico para exercer sua profissão“, definiu Rino. 

O sindicato tentou o diálogo com a diretoria do Barbarense, mas não conseguiuMuito pelo contrário: funcionários do clube tentaram agredir membros do Sapesp e jogadores. Como forma de protesto, os atletas se recusaram a viajar para enfrentar o Santo André, no sábado, pela Série A2 do Campeonato Paulista, mas depois voltaram atrás. O motivo? Diretores do time permitiram a entrada de torcedores organizados no alojamento dos jogadores para pressioná-los. Eles cederam e, incrivelmente, venceram a partida por 1 a 0. 

“É uma situação vexatória, mas que o sindicato não vai deixar passar batida. Já estamos tomando as devidas providências junto aos órgãos responsáveis, como Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal, Ministério do Trabalho e Emprego e Delegacia Regional do Trabalho, para que isso cesse e que os atletas possam ter as condições mínimas de trabalho“, garantiu Rino. “O que gera isso é a falta de planeamento. No ano passado, União São João de Araras e XV de Jaú fecharam as portas para se reestruturar, correr atrás de patrocinadores e voltar às atividades em 2016. Isso é vergonhoso? De maneira nenhuma. É honesto. São esses exemplos que os outros clubes deveriam seguir”, encerrou.

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