Sonho do príncipe: o jordaniano que promete mudar a Fifa e o futebol
Jovem, rico, corajoso e com um discurso que prega a limpeza no futebol: esse é Ali bin Al-Hussein, o príncipe jordaniano que sonha com a presidência da Fifa. Primeiro homem a desafiar Blatter em eleições na entidade máxima do futebol desde 2002, o dirigente asiático oficializou sua candidatura para a próxima disputa eleitoral que acontecerá em fevereiro de 2016.
Aos 39 anos, príncipe Ali é irmão do atual Rei da Jordânia, dirige a Federação Jordaniana de Futebol desde 1999 e foi um dos fundadores da Federação de Futebol do Oeste Asiático. Vice-presidente da Fifa desde 2011, representando a Confederação Asiática, ganhou destaque mundial ao desafiar Blatter nas eleições disputadas em maio de 2015 – na oportunidade, Ali surpreendeu ao conseguir levar as eleições para o segundo turno, mas retirou sua candidatura antes de realizar a segunda rodada de votos.
Correspondente da rádio Jovem Pan em Londres, o repórter Ulisses Neto destacou que o jordaniano ganhou muito destaque na Europa após as eleições disputadas no primeiro semestre.
“O príncipe Ali tem muita influência e é considerado como um nome que poderia viabilizar um processo de transição na Fifa, que é o principal objetivo das federações da Europa. É um nome bem visto”, destacou Ulisses.
“Ele tem muito destaque aqui. Foi muito comentado na última eleição. E pela UEFA ter declarado apoio oficial, ganhou destaque. Assim que o Blatter disse que iria renunciar, o nome dele foi o primeiro a ser ventilado. A quantidade de votos que ele reuniu na eleição passada, foi superior ao esperado”, completou.
Opositor de Blatter durante muitos anos, Ali bin Al-Hussein teve o apoio da Uefa e de seu presidente, Michel Platini durante as últimas eleições. Ulisses destaca, porém, que Ali e Platini nunca foram aliados, e que o francês, na verdade, sempre esteve ao lado de Joseph Blatter.
“Há uma ligação muito grande (entre Blatter e Platini). Até mesmo nesse ano, quando a Uefa rompeu e disse que apoiaria o Ali, os discursos do Platini foram quase pedindo desculpas ao Blatter por fazer isso. O príncipe ali, sim, tentou seguir um caminho de independência, fora do circulo do Blatter, tentando trazer mensagem de reforma. Platini apoiou Ali porque era o candidato com mais força no momento. Dizer que se uniram contra o Blatter, não.”, explicou Ulisses.
A punição que afastou Platini do futebol por 60 dias e pode impedi-lo de disputar as eleições, credenciou Ali como o principal candidato à presidência da Fifa até o momento, exatamente no período mais conturbado da história da entidade. Se Platini não concorrer, porém, um outro candidato pode receber o apoio da Uefa.
“O Platini está fazendo de tudo para ser candidato. E caso não consiga, o nome que tem sido cogitado como plano B pelo lado da Uefa, nesse momento, é o sheikh Salman al-Khalifa, do Bahrein, presidente da Federação Asiática de Futebol, de acordo com os jornais da Inglaterra”, destacou o correspondente da Jovem Pan.
Mais jovem membro do Comitê Executivo da Fifa desde 2011, o príncipe bate na tecla da limpeza no futebol. Ali é um dos defensores da divulgação do relatório que denunciaria irregularidades nas escolhas das Copas da Rússia e do Catar. Além disso, foi um dos responsáveis por acabar com a proibição do uso do hijab, o véu islâmico, para jogadoras em partidas oficiais, fato que foi visto como um grande passo para crescimento do futebol feminino nos países muçulmanos.
Em comunicado ao confirmar sua candidatura, príncipe Ali reforçou sua ideia de reestabelecer a ordem e a credibilidade da entidade máxima do futebol.
“Nós não podemos mudar o passado, mas a Fifa pode ter um futuro melhor. Podemos garantir que Fifa irá recuperar a credibilidade para cumprir nossas obrigações sob os nossos próprios estatutos” para promover a integridade, ética e o fair play. Para todos nós, estes são tempos sombrios. Restaurar a credibilidade da Fifa não será uma tarefa fácil, mas juntos podemos fazer. Para o bem do jogo e de todos os que amam, eu humildemente peço a honra do seu apoio”, escreveu o candidato.
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