Suíça cogita interrogar Blatter e Valcke sobre sedes das Copas de 2018 e 2022
O procurador-geral da Suíça, Michal Lauber, afirmou nesta quarta-feira que “não exclui” a possibilidade de interrogar o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o secretário-geral da entidade, Jerome Valcke, na investigação sobre a escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022.
“Haverá depoimentos de todas as pessoas relevantes. Por definição, isso não se exclui interrogar o presidente da Fifa e o secretário-geral da entidade”, disse Lauber em entrevista coletiva após ser reeleito hoje para o cargo.
O Ministério Público da Suíça anunciou no dia 27 de maio que tinha aberto um processo penal por suspeitas de gestão desleal e lavagem de dinheiro em relação à escolha dos Mundiais de 2018, na Rússia, e 2022, no Catar. No entanto, não revelou quem são as pessoas investigadas no caso.
No mesmo dia, a Procuradoria anunciou que dez pessoas que faziam parte do Comitê Executivo da Fifa em 2010 e que tinha participado da seleção das sedes das duas Copas do Mundo poderiam ser interrogadas tanto pelo Ministério Público como pela Polícia Judicial Federal para fornecer informações sobre o caso.
A investigação foi aberta a pedido da própria Fifa. Desde então, a Procuradoria coletou 9 terabytes de informações da própria entidade máxima e de diversas instituições financeiras, revelou Lauber, acrescentando que 104 transações estão sendo analisadas.
Os próprios bancos já estavam colaborando com as autoridades suíças. Segundo o procurador geral, 53 operações financeiras suspeitas de lavagem de dinheiro já tinham sido denunciadas.
“Isso representa uma quantidade enorme de dados”, destacou, explicando que, por enquanto, somente as informações não encriptadas estão sendo analisadas.
A procuradoria criou uma equipe especial de investigadores, liderada por especialistas em crimes financeiros. Eles têm o apoio de promotores e analistas de tecnologias da informação da polícia.
“O mundo do futebol terá que ter paciência. Por sua complexidade, essa investigação vai demorar mais que os 90 minutos”, afirmou.
O caso é independente das investigações conduzidas pela Promotoria de Nova York contra 14 pessoas, entre elas o ex-presidente da CBF José Maria Marin, acusadas de receber propina em negociações de direitos de transmissão, marketing e patrocínio de competições organizadas nos Estados Unidos e na América do Sul.
Lauber deixou claro que, por essa razão, não compartilhará automaticamente informações com os investigadores americanos. O processo seguirá as normas estabelecidas na lei de assistência legal mútua entre os dois países.
No entanto, o procurador-geral esclareceu que se baseou no início dos trabalhos em um relatório interno da Fifa produzido pelo ex-promotor americano Michael García, assim como em dados fornecidos pelas autoridades dos EUA.
Lauber justificou a abertura do processo porque parte do enriquecimento ilícito ocorreu na Suíça. Lembrou também que a sede da Fifa está no país e que existem suspeitas de lavagem de dinheiro realizadas em transações bancárias feitas em território suíço.
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