Supervisor rebate Bernardinho e ironiza comando do vôlei: “todo mundo é Deus”
No fim do ano passado, ao não poder contar com Lipe para a disputa do Sul-Americano, o técnico da Seleção Brasileira masculina de vôlei, Bernardinho, direcionou críticas ao Funvic/Taubaté. O comandante se irritou com a não liberação do ponteiro, que estava se recuperando de lesão, e disse que o time do interior paulista “sempre criava problemas” para a equipe verde e amarela. No último fim de semana, contudo, foi a vez de o supervisor do clube se manifestar. Em entrevista exclusiva ao repórter Fredy Junior, da Rádio Jovem Pan, Ricardo Navajas (foto abaixo) criticou o atual modelo do vôlei brasileiro e rebateu o treinador da Seleção.
“Eu não tenho nenhum problema com a Seleção. O meu contato é feito da seguinte forma: veio para o clube e percebeu a lesão? Eu não libero“, afirmou Navajas. “O Otávio foi bem para a Seleção e voltou com tendinite aguda. Já o Chupita voltou com esmagamento de calcânio e dor no joelho. Ele teve de operar! Não sei se o Bernardinho sabe, mas ele ficou quatro meses sem jogar! Voltou só agora, contra o Campinas. Se ele não sabe, é só perguntar que a gente responde“, acrescentou o supervisor do Funvic/Taubaté, bastante exaltado.
“Os resultados estão aí. É fato que a Seleção Brasileira é vencedora, assim como também é fato que nós, que pagamos a conta nos clubes, somos prejudicados. Quando eu era técnico, não podia falar. Mas agora que sou dirigente e pago a conta, não me escondo. A Seleção Brasileira, muitas vezes, só é importante para valorizar o atleta dentro do clube, porque lá, representando o Brasil, ele não ganha nada”, completou o ex-técnico, que fez história no comando do Suzano, na década de 1990, e levou a fraca Venezuela à 10ª posição dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.
E as críticas de Ricardo Navajas não se resumiram à Seleção Brasileira. O dirigente, que detonou a nova geração de esportistas do Brasil, também reclamou do atual modelo do vôlei brasileiro. Para ele, o fato de os clubes atuarem duas vezes por semana e em horários periféricos na Superliga é prejudicial ao esporte. “Está mais do que comprovado que, quando se joga de quinta-feira e sábado nos horários em que as partidas vêm sendo realizadas, há mais riscos de lesões“, opinou.
“As lesões são provocadas por falta de competência de quem administra o esporte. Muitos dirigentes são culpados, porque buscam tanto o retorno de mídias e de marketing, que não se preocupam com o lado técnico e físico do jogo. Ainda sofremos muito com as pessoas ruins que administram e dirigem o vôlei. Ninguém fala nada, porque tem dirigente com medo de sofrer retaliação e mais interessado no retorno financeiro, mas eu não devo nada para ninguém. Então, continuo brigando praticamente sozinho por essa causa nas reuniões“, revelou.
“Acho muito difícil que, num sábado, no verão, com tanta coisa para se fazer, uma pessoa pare para assistir a um jogo de vôlei às 11h30 na TV à cabo. Ela quer ir para a praia, clube, piscina… É bem complicado. Se tivesse só um jogo por semana, o nível do esporte subiria consideravelmente, os jogadores não sofreriam tantas lesões, seria o suficiente. Mas não sei o que acontece para que as pessoas insistam em não perceber isso. O problema é que todo mundo é Deus, sabe de tudo, mas quem paga a conta somos nós”, encerrou, em tom irônico.
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