Técnico do Boa fala sobre convivência com Bruno: “merece meu carinho e apreço”
Goleiro Bruno ficou sete anos preso e voltou a jogar futebol no Boa Esporte Clube
Goleiro Bruno ficou sete anos preso e voltou a jogar futebol no Boa Esporte Clube“Ele tem evoluído, e a gente enxerga o Bruno jogador. É assim que a gente o vê aqui no Boa Esporte“. Foi desta maneira, com extrema naturalidade, que Julinho Camargo falou sobre o maior desafio da carreira. Técnico do Boa Esporte desde o início do ano, o gaúcho de 46 anos conversou com exclusividade com o repórter Fredy Junior, da Rádio Jovem Pan, e revelou como tem sido o convívio com o goleiro Bruno – que foi contratado pelo clube mineiro após receber habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com Julinho, Bruno, que ficou sete anos preso pelo sequestro, morte e ocultação do cadáver de Eliza Samudio, merece todo o seu “carinho e apreço” – a entrevista, na íntegra, vai ao ar no próximo fim de semana, na Rádio Jovem Pan.
“Eu sou formado em Educação Física e tenho duas pós-graduações e um mestrado em reabilitação e inclusão social. Pela formação de professor, sempre tive a premissa de não enxergar no meu aluno ou atleta um rosto, credo, cor ou classe social”, discursou o técnico do Boa.
“Como professor, tenho de visualizar o meu aluno/atleta como uma pessoa que merece todo o meu carinho e apreço. E foi assim que recebi o Bruno e todos os outros jogadores, porque acho que esta é a premissa básica da formação de um educador”, acrescentou.
Bruno foi contratado pelo Boa Esporte há cerca de um mês, pouco tempo depois de deixar o presídio em Minas Gerais. Uma liminar, deferida pelo ministro Marco Aurélio Mello, do STF, permitiu que o jogador recorresse em liberdade da condenação pelo sequestro, morte e ocultação do cadáver de Eliza Samudio, com quem teve um filho.
Bruno já disputou duas partida pelo clube: diante do Uberaba, em casa, e contra o Patrocinense, fora, pelo hexagonal final do Módulo II do Campeonato Mineiro. Na estreia, o goleiro cometeu um pênalti, levou cartão amarelo e foi um dos protagonistas do empate por 1 a 1. Já no segundo jogo, foi hostilizado pela torcida adversária, mas não levou gols e saiu de campo com igualdade por 0 a 0.
Segundo Julinho Camargo, Bruno não tem recebido nenhum tratamento diferenciado no Boa. “A gente orienta e trabalha com todos os jogadores de forma natural, incluindo o Bruno. Ele foi recebido como um atleta qualquer. Propiciamos a ele todas as condições que os outros tiveram. Ele está vivendo uma situação que, para algumas pessoas, é mais alarmante, mas que, para a gente, está sendo encarada de uma forma bem cotidiana”.
O próximo compromisso do Boa Esporte será no sábado, às 17h30 (de Brasília), contra o Betinense. A expectativa é de que Bruno novamente esteja em campo.
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