Teliana Pereira revela carinho especial por Roland Garros e sonha com top 20

  • Por Bruno Bataglin/Jovem Pan
  • 10/06/2015 17h30

A brasileira Teliana Pereira chegou ao número 46 no ranking da wta

Folhapress Teliana Pereira

Em 2015, Teliana Pereira fez história. A melhor tenista brasileira da atualidade quebrou um jejum de 27 anos sem um título feminino na modalidade para o Brasil e ganhou o WTA de Bogotá, em abril, maior título de sua carreira. Antes dela, o Brasil havia faturado seu último título no tênis feminino em 1988, quando Niege Dias levantou o troféu no WTA de Barcelona.

Atualmente, Teliana Pereira é a número 74 do mundo, sendo a única brasileira no top 100 do tênis mundial, e projeta voos mais altos. Em entrevista exclusiva concedida ao Jovem Pan Online, a pernambucana natural de Águas Belas falou sobre sua evolução, sobre essa conquista tão importante, e revelou o que a deixaria satisfeita no final de sua carreira.

Na campanha vitoriosa na Colômbia, Teliana derrotou nada menos do que quatro cabeças-de-chave. Ela estreou com triunfo sobre a italiana Francesca Schiavone, campeã de Roland Garros em 2010, passou pela luxemburguesa Mandy Minella, pela espanhola Lourdes Domínguez Lino e pela ucraniana Elina Svitolina, então número 27 do mundo, para chegar à decisão. Na final, uma vitória sobre a cazaque Yaroslava Shvedova coroou a caminhada com a taça.

“Com certeza foi o melhor momento da minha carreira. Foi o maior título que eu já conquistei. Até pela grandeza de ganhar um WTA, que é um dos maiores torneios do circuito. Eu estava vindo de lesão, fui para Medellín, consegui vencer lá, e cheguei em Bogotá sem nenhuma expectativa, pensando em continuar melhorando. Então tudo aconteceu, meio que de repente. Foi uma emoção muito grande, fazia muito tempo que um brasileiro não ganhava um WTA, então foi minha maior experiência, não só falando de tênis, mas de conquistas em geral”, declarou a tenista.

No torneio de Roland Garros deste ano, Teliana caiu na segunda rodada, ao perder para Ekaterina Makarova, integrante do top 10 do tênis feminino, mas não sem arrancar muito suor da russa, que precisou de três duros sets para mandar a brasileira de volta para Curitiba (PR), onde mora. Mesmo assim, a pernambucana saiu da tradicional competição bastante orgulhosa.

“Foi muito positivo. O fato de ter passado pelo qualifying ajudou bastante, para entrar com mais ritmo na chave principal. Saí chateada, com certeza, porque vi que eu tive as minhas oportunidades e não aproveitei, mas também saí feliz por ter feito um jogo tão duro com uma menina que está entre as dez melhores. Isso só me deixou ainda mais entusiasmada para continuar o melhor trabalho. Sei que estou no caminho certo”, frisou Teliana, que revelou ter um carinho bastante especial para com o torneio francês.

“É difícil, porque Roland Garros é um torneio muito especial para mim, é onde eu me sinto mais à vontade. Também por tudo que o Guga fez lá, os brasileiros acabam criando um carinho especial. No ano passado, eu já tinha ido bem, neste ano também eu considero que foi uma boa participação e um Grand Slam é muito importante. O tenista valoriza bastante, pela grandeza de tudo. Mas foi muito positivo. Saí de lá de cabeça erguida”, prosseguiu.

Sobre a dificuldade de o Brasil formar boas tenistas, Teliana Pereira admitiu que não é capaz de apontar só um problema, mas projetou uma melhora para o futuro.

“É difícil falar, porque às vezes a gente coloca a culpa em falta de patrocínio, em falta de dedicação das jogadoras, na falta de estrutura, mas é difícil falar. Não estou acompanhando as meninas no dia-a-dia. O que a gente pode ver é que está tendo uma melhora. Tem a Bia Haddad, que está jogando bem, a Paula Gonçalves, que está no circuito há algum tempo. A gente teve a Maria Esther Bueno, que foi a maior jogadora, mas isso há um bom tempo atrás”, falou. “É um conjunto de tudo, de ter melhor estrutura, mas as coisas vêm melhorando. Hoje eu tenho condições de fazer agenda com o técnico. Acho que o povo brasileiro tem que ter um pouco de calma, dar tempo ao tempo. Fato é que, no Brasil, tem pouca gente jogando tênis, sobretudo no feminino”, observou.

Apesar de estar perto de completar 27 anos de idade (faz aniversário no dia 20 de julho), Teliana Pereira crê que está longe de pensar no final de sua carreira e vê bons anos pela frente dentro do circuito.

“Dá para chegar muito longe. Hoje você vê as melhores tenistas e elas têm 30 anos. Isso mostra que eu tenho alguns anos pela frente para poder trabalhar. Acho que o mais importante é continuar o trabalho focada no que eu tenho que melhores. O fato de eu ter ido tão bem na Colômbia me deu bastante confiança”, frisou. “Eu gostaria muito de terminar esse ano entre as 50 melhores”.

Falando de sonhos, a brasileira disse que já realizou um deles, mas mostrou ambição e admitiu que pensa em chegar no top 20 mundial.

“Um eu já realizei, que é ganhar um WTA, mas eu gosto sempre de manter os pés no chão, até para você não criar muitas expectativas, porque depois vem a frustração. Gostaria muito de jogar entre as 20 melhores. Se um dia eu chegasse ali, já encerraria a minha carreira muito feliz e muito satisfeita com tudo. É uma meta realizável, acho que, como eu falei, primeiro tenho que pensar em terminar entre as 50, e aí vamos passo a passo, com tranquilidade. Sonhar é importante”, afirmou.

Ainda focada em 2015, Teliana Pereira acredita que pode obter bons resultados depois do torneio de Wimbledon, quando terá uma sequência de competições no saibro que a deixa empolgada.

“Vou jogar uma sequência de WTAs no saibro e lá eu posso ter melhores resultados, porque é onde me sinto à vontade. Sinto que na quadra de saibro é onde meu jogo se desenvolve. Tenho que melhorar na agressividade, mas estou treinando bastante para conseguir bons resultados”, finalizou Teliana.

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