Tempo de bola rolando cresce em partidas do Campeonato Brasileiro desde 2014

  • Por Estadão Conteúdo
  • 03/07/2016 12h36
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SP - PALMEIRAS/CORINTHIANS - ESPORTES - O jogador Edu Dracena, da SE Palmeiras, disputa bola com o jogador do SC Corinthians P, durante partida válida pela sétima rodada, do Campeonato Brasileiro, Série A, na Arena Allianz Parque. 12/06/2016 - Foto: CESAR GRECO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO CESAR GRECO/Estadão Conteúdo Bola Rolando Edu Dracena Corinthians Palmeiras - AE

A bola está rolando mais no Campeonato Brasileiro. Desde 2014, o tempo médio efetivo das partidas aumentou pouco mais de 4 minutos. É o que mostra o estudo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com base nas 10 primeiras rodadas das duas competições anteriores e da atual. E a tendência é de crescimento.

Em 2014, as 100 primeiras partidas apresentaram média de 52 minutos e 27 segundos de tempo efetivamente jogado. Em 2015, a média subiu para 54min05s e este ano atingiu 56min32s. São números melhores, por exemplo, que os definitivos das Copas do Mundo de 2010 (54min04s) e de 2014 (55min14s). A Fifa considera ideal que um jogo tenha no mínimo 60 minutos de bola rolando.

Curiosamente, essa evolução é consequência de uma medida que tem como objetivo combater as atitudes agressivas de jogadores e treinadores contra árbitros e auxiliares. Em 2015, a comissão de arbitragem da CBF lançou a campanha do respeito e determinou aos juízes que fossem mais rigorosos contra as constantes reclamações.

“A gente observou uma série de situações negativas contra os árbitros. Era árbitro sendo empurrado, jogadores partindo sistematicamente contra a arbitragem… Aí, instituímos a cruzada pelo respeito”, disse o presidente da comissão de arbitragem, Sérgio Correa.

A determinação foi para os juízes não tolerarem chiadeira exagerada e coações. A partir dela, aumentou o número de cartões e expulsões. A consequência foi que, com o tempo, as reclamações diminuíram em quantidade e intensidade e o jogo passou a fluir melhor.

“Esse (o aumento do tempo de bola rolando) não era o objetivo da CBF quando lançou a campanha do respeito, mas acabou acontecendo naturalmente”, considerou o ex-árbitro gaúcho Leonardo Gaciba, que tabula os dados para a CBF. “O objetivo era a diminuição do número de faltas, que realmente estava alto. Aí parou aquele negócio de jogador fazer bolo em volta do árbitro, que paralisa muito o jogo”.

Para Gaciba, no entanto, não é só isso. Ele vê outro fator importante para o crescimento do tempo de bola rolando. “Esse é um dos legados da Copa do Mundo. Os caras começam a ver o jogo mais intenso, mais jogado e começa a praticar. Estou falando de árbitro, jogador e treinador”.

O número de faltas também foi reduzido. Mas é o “ganho colateral” que chama mais atenção. A melhora é sensível. Considerando-se apenas as 10 primeiras rodadas, jogos com mais de 60 minutos ocorreram 6 vezes em 2014, 18 em 2015 e 34 neste Brasileirão, ou seja em 34% das partidas. Nos 100 primeiros confrontos de 2016, 5 tiveram mais de 70 minutos de jogo efetivo – Santa Cruz e Flamengo teve 73min17.

Sem meta

Embora comemore, Sérgio Correa diz que a CBF não persegue um índice específico. “Não estabelecemos meta e sim o conceito. Se a tendência se confirmar, vamos ultrapassar os 100 jogos (com ais de 60 minutos, ao fim do campeonato). Mas não estamos preocupados com isso”, garantiu o dirigente, enfatizando que 4 minutos a mais em um jogo representa 1 quilômetro a mais percorrido pelo jogador.

Essa intensidade preocupa jogadores e treinadores, por causa do desgaste maior. “Os jogos são muito intensos e, para piorar, o desgaste dos atletas não são unicamente pelos 90 minutos. Temos que somar as viagens, o pouco tempo de descanso e para recuperação”, lamentou o técnico do São Paulo, o argentino Edgardo Bauza.

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