Torcida leva “bronca” em partida de goalball; jogo exige silêncio para os atletas

  • Por Agência Brasil
  • 08/09/2016 14h25

As duas seleções de goalball Reprodução / Twitter / Brasil 2016 As duas seleções de goalball

Durante o segundo tempo da partida da Seleção Brasileira contra a Suécia, pela estreia do torneio olímpico de goalball, um lance chamou atenção: depois de um arremesso da equipe sueca, a bola bateu na trave e a torcida fez o tradicional “uhhh”. Estaria tudo bem se não fosse um detalhe: o goalball é um esporte onde a audição é fundamental. Após a bola bater na trave, os jogadores do Brasil não conseguiram devolver a bola em dez segundos e sofreram uma penalidade.

Esse foi só um dos problemas durantes os dois primeiros jogos da seleção. Claro que a torcida, desacostumada com o esporte e a exigência por silêncio, não tem muita culpa nisso. O próprio técnico da Seleção Masculina de goalball, Alessandro Tozim, ressaltou que tudo perpassa por um processo de “se educar para torcer”.

“O primeiro ponto que a gente precisa ressaltar é a importância do público. É difícil ter no goalball tanta gente assistindo. A primeira coisa é agradecer. O segundo lance é educar as pessoas. É as pessoas entenderem que o esporte é para cegos e eles necessitam da audição para o desenvolvimento do jogo”, disse Tozim, ao fim da estreia do Brasil.

A parte de “educação” foi muito trabalhada no primeiro dia de jogos na Arena do Futuro. Quando alguma pessoa se exaltava na torcida, o serviço de microfone do estádio pedia o silêncio. “Quiet, please”, foi a frase mais ouvida durante o jogo. E os torcedores tentaram, na medida do possível, manter o silêncio.

A torcedora Lilian Calixto nunca tinha assistido a um jogo de goalball na vida. Acompanhada do filho de dois anos, ela disse que teve trabalho para manter o silêncio. “É uma grande surpresa acompanhar um esporte tão legal. Mantenho ele [o filho] distraído para que o esporte tenha o silêncio que merece”, aponta.

Renata Fernandes, que também estava com crianças, admitiu que a emoção do jogo fez a missão de fazer silêncio ficar mais complicada. “Achamos bem emocionante. É difícil tentar se segurar. No lance que a bola bate na trave, não tem como não fazer um “uhh”. Todo mundo faz. Tem hora que escapa”, diz.

Hora de barulho

Se engana também quem pensa que é preciso ficar 100% do tempo calado em um jogo de goalball. Tanto que a torcida que estava na Arena do Futuro aproveitava para dar o apoio aos brasileiros quando ocorriam pedidos de tempo ou durante os intervalos. Nos jogos da seleção, os torcedores fizeram uma festa digna de um clássico no futebol. Aí, foi a hora dos atletas conhecerem o lado bom de “não ter silêncio”.

“A torcida dá o ânimo que a gente precisa. E é bom sentir o calor da massa”, apontou o jogador da seleção Josemárcio. “É especial. Nunca tínhamos jogado com uma torcida só brasileira. O coração bate forte mesmo. E essa ligação vai nos levar ao título. E não tem essa de atrapalhar. Na hora de comemorar, tem que comemorar mesmo”, completou Moreno.

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