Vai ter hexa? Brasil volta a sofrer em estreia, mas vence Croácia de virada

  • Por Agencia EFE
  • 12/06/2014 19h32

Douglas Rocha.

São Paulo, 12 jun (EFE).- Sofrer em estreias em Copas do Mundo se tornou uma tradição para a seleção brasileira, e nem mesmo o fato de ser a anfitriã do torneio após 64 anos fez com que esse hábito fosse derrubado nesta quinta-feira.

Mas embora os comandados de Luiz Felipe Scolari tenham ficado em desvantagem no começo do jogo contra a Croácia, que abriu a competição, conseguiram superar a ansiedade e venceram por 3 a 1 de virada, com dois gols de Neymar – um deles em um pênalti polêmico – e um de Oscar.

A partida na Arena Corinthians, em São Paulo, válida pelo grupo A do Mundial, foi de ranger de dentes para os torcedores brasileiros. Marcelo, contra, abriu o placar para os croatas aos 11 minutos. Foi difícil evitar o nervosismo, atenuado quando brilhou a estrela de um dos candidatos a melhor do torneio. Neymar deixou tudo igual ainda antes do intervalo em um chute inalcançável para o goleiro Pletikosa e, de pênalti, marcou o segundo na etapa final. Nos acréscimos, Oscar, um dos melhores em campo, proporcionou o alívio deixando o dele com um toque de bico, mas cheio de classe.

A estreia com virada teve contornos do duelo que abriu a campanha que culminou com o pentacampeoanato, em 2002. Na ocasião, a Turquia saiu em vantagem, mas o Brasil, também comandado por Luiz Felipe Scolari e com gols de Ronaldo e Rivaldo – convertendo um pênalti após uma falta sofrida por Luizão fora da área -, venceu de virada.

As únicas duas derrotas dos pentacampeões em estreias aconteceram nas duas primeiras Copas, por 2 a 1 diante da Iugoslávia, em 1930, e por 3 a 1 para a Espanha, quatro anos depois. A última vez em que o Brasil começou um Mundial sem vitória foi em 1978, no empate em 1 a 1 com a Suécia.

O time da casa voltará a campo na próxima terça-feira, diante do México, no Castelão, em Fortaleza. Já a Croácia buscará a reabilitação no dia seguinte, contra Camarões, em Manaus.

Apesar de ter a fama de vaiar a seleção em momentos difíceis, a torcida paulista fez sua parte, gritando em apoio e vaiando o adversário. Como virou tradição desde a Copa das Confederações, a parte final do hino foi cantada a capela.

O Brasil não teve problema algum tanto na convocação para a Copa quanto na escalação da equipe que foi a campo nesta quinta. Felipão repetiu o time titular da final da Copa das Confederações do ano passado, em que a equipe bateu a Espanha por 3 a 0.

Na equipe croata, por outro lado, Niko Kovac teve vários desfalques importantes, entre eles os meias Nico Kranjcar, que sequer veio ao Brasil, e Ivan Mocinic, cortado há dois dias da estreia. Além disso, o principal centroavante do elenco, Mario Mandzukic, teve que cumprir suspensão por ter sido expulso no jogo de volta da repescagem das Eliminatórias europeias, contra a Islândia.

A primeira finalização do jogo e de toda a Copa foi da Croácia, com menos de um minuto. Kovacic arriscou da meia esquerda e mandou à direita do alvo. A resposta foi dada aos cinco, quando Marcelo cobrou falta da ponta esquerda, Paulinho cabeceou para o meio e David Luiz, também de cabeça, deu nas mãos do goleiro Pletikosa.

No minuto seguinte, a torcida brasileira respirou fundo após um susto. Perisic teve espaço para levantar pela direita e Olic cabeceou a centímetros da trave. Era um indício do que viria a seguir.

A pressão exercida pela Croácia na saída de bola adversária e o nervosismo dos jogadores da seleção culminaram com um gol dos europeus. Aos 11, Olic teve liberdade na ponta esquerda e cruzou rasteiro. Jelavic desviou levemente e Marcelo desviou contra.

O gol fez a partida esfriar por alguns instantes, mas Paulinho reacendeu com uma boa arrancada pela direita, aos 19. O volante entrou na área e bateu forte, mas em cima de Pletikosa. Três minutos depois, Neymar chegou ao fundo pela direita e rolou para trás. Na sobra, Oscar buscou o ângulo, mas o goleiro deu um belo salto e espantou.

Marcelo ia se candidatando a vilão da estreia, e em uma bola nas suas costas, aos 29, quase a Croácia fez o segundo, em cabeçada de Perisic. No entanto, já na saída para o ataque, o Brasil obteve a igualdade. Oscar brigou no meio, ganhou e rolou para Neymar, que acertou chute colocado de pé esquerdo no cantinho.

A parte final da primeira etapa foi de grande presença dos donos da casa no campo adversário. Entretanto, as oportunidades não foram muitas. Aos 41, Neymar cobrou falta a dois passos da área e acertou a barreira; aos 44, Olic fez graça na frente do próprio Neymar, Hulk ficou com a sobra e errou o alvo por muito.

O intervalo esfriou a partida, e a primeira finalização aconteceu apenas aos 10 minutos, quando Kovacic arriscou a um passo da meia-lua e encobriu a meta. Um novo lance relevante aconteceu apenas aos 21, com Daniel Alves, que cobrou falta rente ao travessão.

Com o jogo esfriando cada vez mais, foi preciso um pênalti para que a seleção se colocasse em vantagem. Aos 26 minutos, Fred tentou o giro dentro da área e foi puxado por Lovren. Neymar, já se candidatando à artilharia da Copa, cobrou com força. Pletikosa ainda tocou na bola, mas não evitou a virada.

Aliviada, a seleção se soltou e esteve muito perto do terceiro aos 31. Oscar fez linda jogada para cima de Lovren e fez o chuveirinho. David Luiz cabeceou e errou por centímetros.

A Croácia até chegou a marcar o segundo, aos 37, mas o árbitro japonês Yuchi Nishimura anulou a jogada. Julio César soltou após cruzamento e Rebic tocou para a rede, mas o juiz marcou falta no arqueiro brasileiro.

Os instantes finais foram de sufoco por parte dos croatas para cima da defesa brasileira. Até que, aos 46, Oscar, cuja vaga de titular parecia ameaçada com a ascensão de William nos treinos na Granja Comary, coroou uma bela atuação individual com um gol de bico sem perder a classe, e tirou a corda do pescoço da equipe.

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Ficha técnica:.

Brasil, Julio César; Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho (Hernanes) e Oscar; Hulk (Bernard), Neymar (Ramires) e Fred. Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Croácia: Pletikosa; Srna, Vrsaljko, Corluka e Lovren; Modric e Rakitic; Perisic, Kovacic (Brozovic) e Olic; Jelavic (Rebic). Técnico: Niko Kovac.

Árbitro: Yuichi Nishimura (Japão), auxiliado pelos compatriotas Toru Sagara e Toshiyuki Nagi.

Cartões amarelos: Neymar (Brasil); Corluka e Lovren (Croácia).

Gols: Neymar (2x) (Brasil) e Oscar; Marcelo (contra) (Croácia).

Estádio: Arena Corinthians, em São Paulo. EFE

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