Bruno Covas deixa legado de luta pela vida como bom político e excelente pai
Prefeito de São Paulo canalizou toda a sua existência para a vida pública; Covas sempre foi conciliador, boa gente, bem humorado e disciplinado no trabalho
A morte prematura do jovem político Bruno Covas, aos 41 anos completados em 7 de abril, tira da vida pública um personagem que era um bom exemplo de homem público. Alguns amigos próximos dele até questionam se Covas não sentiu o esforço de ter disputado e vencido à reeleição à Prefeitura de São Paulo, em meio a um longo e complexo tratamento contra um câncer no aparelho digestivo, coincidindo com a pandemia da Covid-19 – tempos arriscadíssimos para a vida de qualquer um, inclusive para quem estivesse em pleno gozo da saúde. Bruno Covas se vai, porém deixa o exemplo de quem lutou, com dignidade, até um fim com muito sofrimento e dor, sobretudo para o filho Tomás, um adolescente de 15 anos, que morava com o pai há três anos. O exemplo de um bom pai é sempre edificante e nobre. No final de abril, já internado em estado grave, Covas chegou a postar no Twitter que agradecia pela presença constante do filho em seu tratamento. Frisou que a luta pela vida continuava, porque a vontade de viver era gigantesca. O prefeito teve de suportar, pacientemente, um longo tratamento com quimioterapia e imunoterapia. Em nenhuma declaração pública, se vitimizou. Apenas demonstrou um inabalável otimismo para o público, mesmo que seu consciente e a realidade de seu quadro clínico lhe dessem todos os motivos para agir de forma contrária.
Formado em economia e direito, Bruno Covas foi parlamentar, vice-prefeito de João Doria, prefeito quando o tucano renunciou para disputar o governo estadual e, no ano passado, reeleito para o cargo máximo do executivo municipal paulistano. Covas sempre foi um conciliador, boa gente, bem humorado, disciplinado no trabalho e que tinha a missão de honrar o legado de seu avô, Mário Covas, senador, governador de São Paulo e um dos fundadores do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), que também morreu de câncer. Bruno Covas até costumava brincar que “não foi uma cegonha que lhe trouxe ao mundo, mas sim um tucano” (ave símbolo do partido). Fato curioso é que Covas assumiu a Prefeitura de São Paulo, aos 38 anos, no dia de seu nascimento 7 de abril (de 1980, na cidade de Santos). O político canalizou toda a sua existência para a vida pública. Agora, diante da fragilidade humana, o principal legado de Bruno Covas foi a dignidade. Que Deus o receba.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.