Mais idoso presidente a assumir, Lula retorna com uma série de ideias velhas e esclerosadas

Triunfo eleitoral de Lula já acelera discussão nos bastidores do Congresso sobre a implantação do semipresidencialismo; Centrão não deseja perder poder

  • Por Jorge Serrão
  • 31/10/2022 14h31
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MARCELO OLIVEIRA MARÇO/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - 31/10/2022 LUla e Geraldo Alckmin de mãos dadas para cima em um palanque Lula e Geraldo Alckmin comemoram a vitória da chapa petista nas eleições 2022

O real vencedor da eleição presidencial brasileira foi o sistema globalitário. O esquema que controla o Brasil de fora para dentro comanda aqueles que se acham “donos do poder” por aqui. É inquestionável o Establishment, sua Cleptocracia e Juristocracia, cumpriram a missão de escolher Luiz Inácio Lula da Silva para um terceiro mandato no Palácio do Planalto. No fundo, Lula é um mero coadjuvante da bem sucedida operação presidida por Alexandre de Moraes, na superior e suprema gestão da Justiça Eleitoral — que concedeu a ela mesma poderes sem autorização do Congresso Nacional e manipulando o excesso de leis em vigor. Na prática, já vivemos em Brasuela! Mais da metade do eleitorado, com certeza, não aceita isso!

O Mecanismo emplacou um Lula que será o mais idoso presidente a assumir (77 anos de idade), retornando com uma série de ideias velhas, esclerosadas. O Establishment atingiu o objetivo máximo de tirar Jair Messias Bolsonaro do poder. Só que tem um problema prático. A legalidade foi corrompida. O País está rachado. As fraturas institucionais continuam expostas. A maioria não aceita “conciliação” com quem tolera o Crime Institucionalizado. Pelo menos 95 milhões de brasileiros não votaram em Lula. Muitos ainda não se sentem os grandes derrotados de um processo eleitoral injusto — marcado por ódio, censura inconstitucional e flagrante desequilíbrio de armas entre os concorrentes.

O roteiro globalitário está escrito claramente. Assistiremos a uma superinstabilidade que vai impedir o Brasil de crescer como deveria. O próximo governo federal, dominado pela cleptocracia e juristocracia, tende a massacrar a liberdade. Talvez isso não aconteça, de maneira tão veloz, porque Lula tem um problema a enfrentar. Não tem maioria política no Congresso Nacional eleito. O famoso Centrão não deseja perder a hegemonia. Por isso, ninguém se surpreenda se for aprovado o semipresidencialismo. Não se deve descartar, inclusive, uma reforma constitucional que implante o parlamentarismo. Lula só conseguirá governabilidade se ceder, sem muita reclamação. O petista tem tudo para ser um presidente de enfeite. O PT não deve concordar com isso. Vai incendiar o Brasil! Quem atuará como bombeiro? Essa eleição parece que não termina com seu resultado final. Longe de terminar, os conflitos tendem a se agravar. Tomara que o país não mergulhe em uma guerra civil (declarada).

Aos 70 anos de idade, mesmo sofrendo de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), um dos mais atentos analistas estratégicos brasileiros, o general de Exército na reserva Eduardo Villas Bôas, desenhou a mais realista previsão para a gestão presidencial de Lula e seu vice Geraldo Alckmin. “O que podemos esperar de um governo da oposição: desmontagem das estruturas produtivas que tão arduamente foram recuperadas, criando uma base capaz de sustentar-se sem depender de governos. A volta do aumento do desemprego compensado por programas sociais demagógicos. A submissão ao globalismo com a consequente perda da identidade nacional. A destruição do civismo. A ridicularização do civismo e dos símbolos nacionais. A contaminação ideológica do ensino, impondo a aceitação de verdadeiras perversões às crianças”.

O general Villas Bôas prossegue em sua previsão sobre um governo Lula: “O retorno do estelionato profissional, que os jovens dar-se-ão conta ao enfrentar o mercado de trabalho. A perda do valor da palavra e da vida. A substituição da verdade pelas narrativas. A perda de pruridos pelo uso da mentira. A disfunção das instituições. O desrespeito à Constituição. A relativização da soberania da Amazônia. A natureza acima das pessoas. Dos índios como ferramentas de ONGs e organismos internacionais. A política externa orientada por simpatias ideológicas. Apoio a ditaduras. O desaparecimento do culto à honra, à pátria e à liberdade. A desesperança das pessoas que vestem o verde-amarelo”.

O pessimismo realista do general Villas-Bôas tem razões lógicas. O autoritarismo sob manto “democrático” obedece a um roteiro na América Latina, que volta a sofrer do surto esquerdista, sob orientação ideológica do Foro de São Paulo. Na Venezuela, o Executivo e a juristocracia botaram o país de joelhos, e a reação não veio, ou, se veio, chegou tarde demais. A Venezuela é dominada por uma opressora ditadura. O narconegócio se expande no continente. A grande dúvida é: no Brasil, aceitaremos o mesmo, em nome de uma suposta “democracia” (que definitivamente não existe por aqui)? O PIB não está com Lula, nem estará. O agronegócio — chamado de “fascista” por Lula — não gostou do resultado. Caminhoneiros já protestam bloqueando estradas. Bolsonaro mantém silêncio intrigante sobre seus próximos passos, ao longo dos últimos 60 dias no Palácio do Planalto.

O fato concreto que intriga Bolsonaro é: criminoso, por definição, não joga dentro das quatro linhas. Seus inimigos não vão parar e tendem a agravar a vingança e o revanchismo. O patriotismo brasileiro foi derrotado pelos interesses do grande capital internacional que apoiou a eleição de Lula. Rentistas que encheram as burras na gestão Bolsonaro pouco ou nada fizeram para conter o retorno do PT ao poder. A reforma trabalhista será torturada? Ações trabalhistas vão voltar com tudo, para quebrar empresas e empresários, em nome dos “trabalhadores” do (sindicato). As centrais já se mobilizam para a volta do imposto sindical. Falta combinar com o novo Congresso Nacional… Haverá reação política? Quem tem muito a perder deve se preocupar. Agora, não adianta chorar, porque a onda bolivariana do Foro de São Paulo chegou com plena força e vigor. Mas antes que alguém prefira chorar, lembremos da sábia “Canção do Tamoio”, de Gonçalves Dias:

Não chores, meu filho;
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar.

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