Polarização Lula x Bolsonaro será decidida pelo paradoxo econômico em torno da corrupção
Tamanho, poder e influência da ‘Estadodependência’ no Brasil definirão a eleição 2022; ‘Mecanismo’ não quer mudança, mas o ‘Povo Supremo’ deslancha a ‘Primavera Brasileira’
O mundo real é repleto de paradoxos. Quantas vezes a gente se vê diante de coisas que parecem contraditórias, sem lógica e sem nexo? O paradoxo contraria a opinião dominante. Desafia o senso comum estabelecido. No conceito mais técnico, paradoxo é um pensamento, proposição ou argumento que contraria os princípios básicos e gerais que costumam orientar o pensamento humano. O paradoxo desafia a opinião consabida, a crença ordinária e compartilhada pela maioria. Geralmente, o paradoxo é aquilo que parece ser, só que não é, de verdade. O paradoxo ou oxímoro é uma figura de linguagem ou de pensamento que consiste na expressão de uma ideia contrastante. O Brasil é um teatro de paradoxos. O “jeitinho” brasileiro de implorar por caridade se sofistica. Nos sinais de trânsito das grandes cidades, podem ser vistas crianças e adultos pedindo esmola, com uma inovação: disponibilizam um número de PIX para o generoso doador fazer a transferência de renda com mais facilidade. Alguns pedintes e muitos vendedores ambulantes também oferecem maquininhas de cartões para facilitar o recebimento de dinheiro (que não precisa mais ser “em espécie”). Os dois fatos indicam que até os muito pobres conseguem ter um smartphone e, há algum tempo, também se “bancarizaram”. Ou seja, conquistaram o importante direito econômico a ter uma conta corrente ou poupança em um banco (real ou virtual). É o caso dos beneficiários dos programas sociais (“auxílios” ou “bolsas”) oferecidos pelos governos (Federal, estaduais ou municipais).
Estamos em uma campanha eleitoral paradoxal. Em tese, a maioria dos analistas políticos concorda que a sucessão presidencial de 2022 será definida por alguns fatores muito econômicos. No caso, valem a percepção individual concreta de melhora na economia e de favorecimento pessoal econômico, junto com a perspectiva e/ou promessa de melhora. Perguntas que devem ser feitas e respondidas com máxima sinceridade emocional, honestidade e objetividade racional: A economia realmente melhorou? Ou “despiorou”? Favoreceu ou prejudicou quem? A maioria das pessoas, realmente, têm a sincera percepção de que a melhora objetiva na economia favorece o cidadão-eleitor-contribuinte? Pergunta fatal: Isso vai ser decisivo, realmente, para a definição do seu voto? Ou você vai adotar outro critério – como o da honestidade – para escolher o candidato? A revolta contra a corrupção ainda é um fator relevante na eleição de 2022?
Enquanto você reflete cuidadosamente, mais um paradoxo escandaloso sobre a corrupção no Brasil. A Operação Lava Jato – que desencadeou outras operações – entrou para a História como “um marco no combate à corrupção”. Certo? Parece que não é bem assim. Vários condenados estão soltinhos da silva (sem trocadilho infame). A maioria deles é premiada com a impunidade concreta. Têm até direito de disputar o voto do eleitor (honesto). Embora pareçam “desmoralizados” – e com sequelas psicológicas por algum tempo que ficaram privados da liberdade -, quase todos estão numa boa do ponto de vista econômico. Eles, seus familiares (ou “laranjas”) tiram onda de milionários (ou bilionários). Concretamente, seu crime compensou. O prejuízo ficou para a sociedade brasileira. O cidadão-eleitor-contribuinte pagou – ou segue pagando – a conta.
Agora, para tornar a situação ainda mais paradoxal, quem entra na berlinda é o combate à corrupção. Um estudo produzido pelo Sindicato da Construção Civil denuncia um “paradoxo”: Só de impostos, o Estado Brasileiro deixou de arrecadar da indústria da construção pesada quatro vezes mais do que a famosa Operação Lava Jato propagandeia que recuperou. Uma em cada cinco empresas faliu. Nada menos que 1,3 milhão de trabalhadores ficou desempregado. Entre 2015 e 2019, R$ 105 bilhões deixaram de ser arrecadados, enquanto a Lava Jato só recuperou R$ 25 bilhões. Ou seja, agora o setor de infraestrutura reclama, demonstrando com números, que foi prejudicado! A pergunta é: Por quem? Pela corrupção? Pela gestão canalha? Ou por quem combateu a corrupção? A Força Tarefa do Ministério Público Federal na Lava Jato (em Curitiba e Rio de Janeiro) é acusada de ter exagerado e agido de maneira irresponsável na “perseguição” aos corruptos. A narrativa é de prejuízo para as empresas e para a sociedade.
Definitivamente, o Brasil não é lugar para amadores?! Tudo indica que não é. Mas parece que é um paraíso para “mamadores”. A conjuntura parece que continua boa, embora nem tão favorável, para aqueles que “mamam” nas tetas estatais ou sofrem de uma doença que poderia ser batizada de “Estadodependência”. A maior incógnita – que será revelada a partir de 2 de outubro – é qual o real poder de influência eleitoral daqueles que toleram ou são coniventes com a corrupção, somados aos que preferem a situação aparentemente cômoda de sobreviver graças aos favores e/ou recursos recebidos diretamente do Mecanismo Estatal. Lembre-se, sempre: o Estado trabalha para tirar cada vez mais recursos do cidadão, da sociedade, para financiar a existência de sua máquina. Perguntas fundamentais que serão respondidas no curto prazo: A eleição 2022 será de fato marcada pela polarização “Honestos versus Corruptos”? Até que ponto a maioria dos brasileiros rejeita a Cleptocracia ou condena a Juristocracia? A decisão sairá no primeiro turno ou no segundo? Será que teremos quase um terço de voto nulo, em branco ou abstenção? As pesquisas eleitorais, caríssimas, vão acertar ou errar? Bolsonaro se reelege? Ou Lula vai lhe “roubar” (ops, tomar) o cargo, na dedada grande do voto? Logo saberemos, nos próximos capítulos da “Primavera Brasileira” – um movimento histórico em que o Povo tem mostrado que é Supremo.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.