PT não tem proposta para o país, e Bolsonaro precisa parar de fazer propaganda de graça para Lula
Presidente deveria focar em realizações, e não perder tempo respondendo às ofensas dos inimigos dele e do Brasil; PT não tem proposta para o País que precisa crescer e se desenvolver
Conceito consagrado pelo imortal Nelson Rodrigues (um flamenguista não-assumido), o “óbvio ululante” nem sempre é enxergado, escutado, percebido e compreendido por qualquer reles mortal. Quase sempre é necessário ligar o “desconfiômetro” para penetrar no âmago das idiotices da objetividade. Esse conselho é muito válido no momento em que entramos ou somos obrigados a enfrentar uma eleição polarizada e radicalizada ideologicamente, na qual a ação é muito mais dominada pela emoção do que pela razão. A primeira lição a ser lembrada, a todo instante, é: não existe eleição ganha previamente. A segunda: Pesquisa não vence disputa eleitoral (embora possa indicar tendência ou possa propagandear a indução da escolha em favor de um suposto “favorito”). A terceira: o mecanismo de escolha só acaba quando efetivamente termina. A quarta: A fase intermediária da campanha, crucial e decisiva, não perdoa quem comete erros, por ignorar essas obviedades gritantes ou por subestimar o adversário.
Pequenas-grandes falhas estratégicas, combinadas com bobagens táticas imperdoáveis, bastam para derrubar um candidato que tem todas as chances prévias de vitória eleitoral. Eis o risco específico que corre o presidente Jair Messias Bolsonaro na disputa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na realidade, é Lula quem joga contra Bolsonaro – que detém o poder. Só que, até o momento, Bolsonaro é quem tem gasto mais tempo respondendo a Lula (um candidato ressuscitado politicamente por uma jogada jurídica do Supremo Tribunal Federal que o “descondenou” do crime de corrupção na Lava Jato, tornando-o “equivalente” a qualquer outro candidato ficha-limpa). O VAR começou vencendo o jogo da sucessão presidencial de 2022 no Brasil. As pesquisas e a mídia viabilizam Lula – que consegue posar de “campeão” antecipado, sem ter uma base política sólida para ser escolhido. A massa eleitoral é obrigada a embarcar nessa farsa – que acaba endossada, ingenuamente, por Bolsonaro – que foca menos em mostrar seus feitos de governante e desperdiça tempo valioso atacando aquele que deveria ser um candidato naturalmente inviável.
A comunicação estratégica de Bolsonaro – se é que ela existe, de verdade, pois mais parece intuitiva – tem falhado demais até a fase da pré-campanha. Vale repetir: Lula tem recebido muita atenção indevida do adversário. Até parece que ele é o “favorito” (como insinuam as pesquisas). A oposição e a mídia até podem tratar Bolsonaro como o desgastado. Bolsonaro é quem não deveria aceitar tal tratamento de “derrotado potencial”. Trata-se de um erro fatal, imperdoável, do presidente e de seus “estrategistas” e marketeiros. Até eles dão credibilidade às pesquisas – em cujo resultado uma parcela expressiva do eleitorado não acredita. Assim, dando importância demais a Lula, Bolsonaro faz um discurso digno de perdedor. Fortalecer o inimigo é burrice! Ainda mais quando não existe a mínima razão lógica para isso! O PT é “candidato” a ser reduzido a pó como partido!
Verdade nua. crua e objetiva: Bolsonaro é o real favorito à reeleição. Lula não consegue reunir massa expressiva de gente nas ruas. Bolsonaro leva multidões a qualquer lugar em que vai do Brasil. Lula não tem coligação partidária consistente para disputar a Presidência. Bolsonaro “roubou” (ops, tomou) o Centrão de Lula. O PT é sinônimo de má-gestão e corrupção. Bolsonaro tem realizações a mostrar, inclusive muitas obras que a roubalheira e incompetência petralha não terminou – como a transposição do Rio São Francisco. Lula só apresenta propostas demagógicas na direção do atraso, prometendo mais máquina estatal para cuidar da vida do cidadão. Bolsonaro já comprovou o quanto o contrário (mais Brasil e menos Brasília) é melhor para o futuro do cidadão, cuja maioria deseja liberdade e prosperidade, pela via do trabalho honesto.
Por tudo isso, Bolsonaro não tem o direito de dar mole para Lula. Não pode e nem deve fazer campanha de graça e sem-querer-querendo para o chefão petista. O presidente tem de focar nas realizações e no que ainda pode e deve fazer de melhor em um próximo mandato. Não é eficaz, em termos de comunicação, lembrar, toda hora, que uma eventual vitória da “esquerda” é uma ameaça ao futuro do Brasil. Dizer isso é inútil e redundante. A maioria (principalmente o eleitor fidelizado) já sabe. O que todos querem saber é o que tem de ser feito de agora em diante: o presente do futuro. Campanha é isso! A campanha vai começar de verdade após as convenções partidárias. Lula só tem a investir no ódio a Bolsonaro, e no discurso do caos da inflação pós-pandemia. Já Bolsonaro deve ignorar Lula e mostrar que o mais importante é o amor ao Brasil, indicando tudo que já fez e pode ser feito para melhorar o país – apesar da propaganda destrutiva da oposição criminosa. Em síntese, o mais fácil é ligar o desconfiômetro, fazer a campanha certa e deixar Lula se derrotar por si mesmo.
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