Quem acabar mais desmoralizado perde a eleição presidencial
Truculência verbal deve marcar os debates finais da disputa ao Palácio do Planalto; Lula e Bolsonaro terão de provar quem consegue ter mais resistência aos ataques do adversário-inimigo
No próximo domingo, 16 acontece o confronto direto, presencial, entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Messias Bolsonaro. A Band promove o primeiro de três debates previstos no segundo turno da campanha presidencial. Os outros dois (no SBT e na Globo) dependerão muito do desfecho dessa batalha inicial. A tendência é de conflito desleal. Tensão desgastante. Como a propaganda eleitoral mira em ataques pessoais, torna-se previsível que um vai bater pesadamente no outro. Empate parece improvável. Levará vantagem quem for mais eficiente na atuação teatral. Os danos que um causar no outro podem ser irreparáveis até a hora derradeira do voto eletrônico. Lula vem de franco-atirador. Alvo de uma eficiente campanha de destruição da imagem, com técnicas neurocientíficas, desde antes de assumir a Presidência, Bolsonaro terá de mostrar um raro sangue frio para atingir Lula – que tem fama histórica de bom ator. Resumo previsto do embate: Quem tiver a resiliência quebrada – e terminar desmoralizado – perde a eleição. Quem for mais convincente na representação do Bem contra o Mal sai com vantagem na polarização. Parada brutíssima. Marketagem explícita.
O Brasil está dividido por três. Pelos números da eleição no primeiro turno, Lula teve 57 milhões de votos; Bolsonaro, 51 milhões e outros 48 milhões foram brancos, nulos, abstenções e votos em outros candidatos. No segundo turno, fica mais ressaltada uma divisão por dois. Mais relevante é frisar que o antagonismo entre os dois candidatos vai muito além da simples disputa pelo cargo de chefe do Executivo federal. Estamos diante de duas propostas de nação, de políticas sociais e econômicas completamente opostas. São duas visões de Brasil completamente antagônicas entre si. Não se trata de um debate filosófico ou acadêmico. De um lado, temos um candidato que reitera visceralmente a defesa das famílias, trabalhadores, empresários. Enaltece as riquezas geradas pela iniciativa privada. Defende uma plataforma onde a fé, as religiões e a diversidade religiosa são enaltecidas. O combate à corrupção é prioridade total no discurso e na prática política.
Do outro lado, um candidato condenado por corrupção em três instâncias, que ficou preso por 580 dias, mas que acabou descondenado pelo Supremo Tribunal Federal. Um candidato que faz discursos complacentes com “roubos de celulares” praticados de forma violenta contra nossa juventude, e que também promete libertar presos. Não foi à toa que obteve expressiva votação nos presídios. Esse candidato insiste nos discursos tenebrosos, anunciando que o MST (Movimento dos Sem Terra) terá apoio para suas políticas criminosas de invasões de propriedade. Um candidato que “acusa” nossos agricultores de fascistas e, absurdamente, anuncia que irá implantar o controle da mídia e da internet – a prática inconstitucional da censura. Ou seja, alguém que anuncia publicamente que, se eleito, irá adotar as mesmas práticas antidemocráticas da Venezuela, Nicarágua e tantas outras ditaduras. Paradoxo democrático: foi esse segundo candidato quem fez mais de 48% dos votos no 1º turno. Quem votou nele não prestou atenção nas propostas autoritárias e criminosas? As entidades da sociedade organizada que o apoiaram concordam com a ilegalidade, a censura e a perseguição – práticas nazicomunonazistas? Não dá para acreditar nisso. Essa candidatura não fez eventos de rua expressivos. Não se expôs para a população, se limitando a fazer vídeos em hotéis, locais fechados ou só com militantes partidários. O candidato sequer apresentou um plano de governo para livre debate com a sociedade. Só tem sido sincero nas promessas autoritárias e centralizadoras que tenta disfarçar como “democráticas”.
É assim que vamos votar no segundo turno no dia 30 de outubro. A ausência completa de transparência do processo de apuração dos votos continua machucando a democracia brasileira. As autoridades eleitorais permanecem desrespeitando os cidadãos e eleitores brasileiros de duas maneiras. Primeiro, interditando o livre debate sobre a imprescindível Contagem Pública dos Votos. Segundo, com a desorganização que gerou filas de espera de até 5 horas para uma simples votação. Quem não respeita a cidadania não respeita a democracia. Por isso, é fundamental que as pessoas de bem e do bem promovam uma união para estruturar um Movimento Nacional pela Transparência Democrática. A eleição é apenas a primeira prova de mais uma etapa da Primavera Brasileira – que acontece desde 2013 e não vai parar tão cedo. O compromisso maior da maioria dos brasileiros é com reformas e mudanças estruturais e contra retrocessos à liberdade.
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