A difícil tarefa da Patrulha de Fronteira dos EUA no Texas

  • Por Agencia EFE
  • 05/09/2015 12h39
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Jairo Mejía.

Falfurrias (EUA), 5 set (EFE).- Se os três mil agentes da Patrulha de Fronteira do setor de Rio Grande fossem colocados ao longo da fronteira, a cada cem metros haveria uma pessoa e, mesmo assim, seguramente os grupos dedicados ao tráfico de pessoas encontrariam uma maneira de escapar.

Porém, é preciso fazer turnos, dividir tarefas e controlar áreas de difícil acesso ao longo dos tortuosos meandros do rio Grande (rio Bravo, no México), segundo explicou à Agência Efe Óscar Saldaña, um dos porta-vozes da Patrulha de Fronteira.

Neste ano fiscal, a Patrulha de Fronteira deteve mais de 132 mil pessoas nesta área do sudeste do Texas, cerca de 400 por dia e número superior a toda a população da cidade de McAllen, a mais importante da região.

Para melhorar a vigilância, a Patrulha de Fronteira conta com helicópteros, sensores de movimento, torres e até com vários dirigíveis que flutuam sobre a divisa entre México e Estados Unidos fornecendo “informações” 24 horas por dia.

“É uma das ferramentas mais úteis”, disse Saldaña no Parque de Anzalduas, um lugar castigado durante a maior parte do dia por um sol inclemente e mais de 40 graus de temperatura.

Para os agentes, muitos deles de origem hispânica ou com fortes vínculos com o México, o mais difícil é saber quem é um imigrante necessitado de auxílio, um “coiote” (encarregado das máfias para atravessar imigrantes ilegais) ou traficantes de drogas.

“O mais difícil de patrulhar a fronteira é que podemos ter de enfrentar narcotraficantes perigosos e armados, ou ter de prender crianças que vêm sem pais ou famílias e se entregam voluntariamente…Obviamente a reação é diferente”, reconheceu Saldaña.

Apontando para as águas verdes do caudaloso Rio Grande, Saldaña assegurou que a aparência pacífica do leito é enganosa e faz com que muitos morram afogados arrastados por correntezas ou entrincheirados na mata.

Uma vez na outra margem, os imigrantes, normalmente guiados por “coiotes” e, em algumas ocasiões, obrigados a carregar drogas para obter o “direito” de sair do México, devem se esquivar de várias linhas de vigilância.

Os que não são detidos enfrentam um périplo ainda mais perigoso de cem quilômetros terra adentro depois que os traficantes de pessoas os abandonam antes de chegarem ao controle de Falfurrias, um dos mais de 30 dentro da Patrulha de Fronteira.

Este controle, que tem estampado em sua entrada o número de imigrantes ilegais e libras de drogas capturadas neste ano, tenta interceptar a passagem de veículos com imigrantes ilegais no caminho rumo a Houston.

“Os contrabandistas os tiram dos carros antes de chegarem a Falfurrias e pedem que caminhem pelo campo e que em duas ou três horas estarão em Houston”, contou o agente, lembrando que para chegar a essa cidade é preciso gastar mais horas dentro do carro.

Esta segunda fronteira e de inóspito terreno transformaram os arredores do Falfurrias em um campo de morte do qual são desconhecidas suas autênticas dimensões e que em 2014 chegou a ser o túmulo de, pelo menos, 61 pessoas.

O cemitério de Falfurrias esconde sob a terra pessoas que tentaram despistar a Patrulha de Fronteira para começar uma nova vida nos Estados Unidos, onde a virtude de passar despercebido será essencial.

Ali, em túmulos anônimos, pesquisadores da Universidade de Baylor encontraram uma fossa onde as autoridades locais depositaram durante anos os mortos em seu caminho para os Estados Unidos.

O número pode ser de várias centenas de pessoas e se mantém como o testamento de uma rota de escape de latino-americanos que tentam fugir da miséria e da violência e recomeçar uma nova vida no Texas. EFE

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