A Espanha que Felipe VI herdará

  • Por Agencia EFE
  • 12/06/2014 16h12
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Sonia López.

Madri, 12 jun (EFE).- Servir a uma Espanha “unida e diversa” é o empenho do futuro Felipe VI, que no dia 19 de junho será proclamado rei em um país muito diferente do de seu pai, Juan Carlos I, que chegou ao trono em 1975 após 40 anos de ditadura, e hoje é uma democracia.

Na Espanha que Felipe VI herda ainda persiste, no entanto, a necessidade de fechar um modelo de convivência que não cumpriu as expectativas de todos e que hoje se vê mais fragilizado pelo desafio dos soberanistas.

Uma fraqueza que chega também às principais instituições do Estado, e entre elas a própria monarquia, para cuja imagem será muito importante o papel que o novo rei desempenhará: o “mais preparado” para isso, segundo muitos dirigentes políticos que veem nele uma garantia de estabilidade.

Além da necessária “regeneração democrática” após um período no qual os casos de corrupção alimentaram o desencanto dos espanhóis, a Espanha de 2014 precisa dar o último salto rumo a uma recuperação econômica.

“Permitam-me que lhes reitere meu empenho e convicção de dedicar todas as minhas forças, com esperança, à apaixonante tarefa de continuar servindo aos espanhóis, à nossa querida Espanha; uma nação, uma comunidade social e política unida e diversa que estende suas raízes em uma história milenar”, disse o príncipe das Astúrias após a abdicação, em 2 de junho, de Juan Carlos I.

Essas palavras expressam o desejo de responder a um dos desafios mais importantes do futuro imediato, como a consulta aos catalães sobre seu direito de decidir se separar da Espanha, prevista segundo os planos do presidente do governo regional da Catalunha, o nacionalista Artur Mas, para 9 de novembro.

Nesse contexto, muitos representantes dos partidos majoritários apontam o próximo rei como fiador da estabilidade e respeito à Constituição, na qual – segundo reitera o governo – não cabe a realização de uma consulta que seria ilegal.

Felipe VI assume além disso o trono de um país no qual o desânimo dos cidadãos pelas instituições chegou a sua cota máxima, como refletem todas as enquetes.

Para essa distância tiveram influência os casos de corrupção como o do suposto financiamento ilegal do governante Partido Popular, conhecido como o “caso Bárcenas”, ou o da suposta fraude com recursos públicos na região da Andaluzia, governada pelo Partido Socialista (PSOE), o chamado “caso dos EREs”.

A perda de popularidade também afetou a Monarquia. Após muitos anos como a instituição mais bem avaliada pelos espanhóis, a última pesquisa do Centro de Pesquisas Sociológicas (CIS) refletiu uma nota 3,72 em uma escala com máximo de 10.

A conjuntura política também atravessa momentos de mudança, já que as últimas eleições europeias, em 25 de maio, significaram um sério golpo ao tradicional bipartidarismo.

PP e PSOE não foram capazes de somar 50% dos votos, enquanto as novas forças políticas, como o movimento civil Podemos, entraram com força em um cenário em que, junto com a coalizão Esquerda Unida e outros partidos de esquerda, defendem dar a oportunidade aos cidadãos de se pronunciar em plebiscito sobre a chefia de Estado.

O desemprego e a situação econômica continuam sendo em 2014 os principais problemas que os espanhóis apontam enquetes do CIS. Com desemprego de 25,9% atingindo especialmente os mais jovens, o grande desafio é dar o estímulo definitivo à recuperação para conseguir criar empregos, uma das grandes preocupações manifestadas pelo rei Juan Carlos e pelo sucessor Felipe VI. EFE

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