A outra face de Berlim que não aparece nos guias turísticos

  • Por Agencia EFE
  • 01/06/2014 11h14

María Zuil.

Berlim, 1 jun (EFE).- Berlim registrou no ano passado 11 milhões de turistas atraídos por sua fervilhante vida cultural e as marcas da história, mas cada vez mais iniciativas oferecem percursos fora dos roteiros frequentes.

Uma destas alternativas de turismo pouco convencional é a “Opendoorsberlin”, que permite conhecer como é a vida de um berlinense abrindo as portas de suas casas.

“Nenhum guia pode te mostrar como é viver em Berlim, é uma maneira de conhecer a cidade mais profundamente e de um ponto de vista muito pessoal”, explicou à Agência Efe Caroline Dreysel, uma das fundadoras da agência.

Estas visitas, muito populares entre turistas escandinavos, holandeses, coreanos e bávaros, podem acompanhar, por um acréscimo no valor, um jantar oferecido pelos donos da casa.

Há anfitriões de todo tipo entre os lares que podem ser visitados, desde famílias, estudantes e casais a mulheres idosas, todos eles “interessados em conhecer gente nova, de outros países e de mente aberta”, explicou.

“Muitos deles cresceram na parte leste de Berlim, quando o muro ainda existia e agora querem compartilhar suas vivências com os turistas que desejam visitá-los”, acrescentou.

No lado oposto desta experiência está a iniciativa da associação de serviços sociais “Gebewo”, que decidiu mostrar a realidade das pessoas sem teto em Berlim pela perspectiva de Klaus Seilwinder, um ex-morador de rua de 57 anos.

Através de suas próprias vivências na rua, Seilwinder e o historiador Harald Steinhausen contam a mudança nas condições sociais para sem-teto desde a queda do muro, assim como o trabalho que realizam nos abrigos.

Em busca de conscientizar o visitante, Seilwinder mostra ao longo do percurso como era seu dia a dia nas ruas da capital alemã, onde dormia e como escondia seus poucos pertences no famoso parque Tiergarten.

Através de seus olhos a monumental praça da Gendarmenmarkt é vista por outra perspectiva. Era onde durante 15 horas por dia buscava garrafas nos lixos para conseguir o “pfand”, os centavos que se obtêm ao devolver o casco.

Também com um cenário social, embora de outro ponto de vista, o “Revolutionary Berlim” decidiu há cinco anos mostrar aos turistas e aos não tão turistas a parte mais “antissistema” da capital alemã.

Seu tour principal acontece em lembrança do 1º de maio, data histórica na cidade por causa das “manifestações revolucionárias” realizadas pelo Dia do Trabalho e que, desde 1987, frequentemente terminam com violentos incidentes.

No percurso de três horas pelo bairro de Kreuzberg, palco dos distúrbios, Bill, um guia americano com nome fictício, narra a história destes protestos, das casas ocupadas zona e os problemas da especulação na capital.

Os dois guias que formam o “Revolutionary Berlim” se autodenominam “jovens de esquerda que gostam de falar sobre história” e explicam que decidiram destinar parte do preço do percurso a projetos relacionados.

Para ampliar o público, oferecem um tour sobre o movimento operário da capital desde que o Kaiser foi derrubado em 1918 e outro sobre o passado colonial de Berlim que inclui desde o tráfico de escravos em Brandemburgo à história do “bairro africano”. EFE

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