A pobreza no Peru diminui, mas de maneira desigual

  • Por Agencia EFE
  • 08/05/2014 20h12

David Blanco Bonilla.

Lima, 8 mai (EFE).- O crescimento econômico que o Peru registrou nos últimos anos, com uma média de 6%, ajudou na diminuição da pobreza, mas agora soaram os alarmes perante a confirmação que este processo é desigual nas diferentes regiões do país.

Apesar de o Peru ser uma das estrelas do crescimento na América Latina, este é muito mais evidente nas principais cidades, sobretudo do litoral, e se dá em menor proporção no interior andino e na ampla região amazônica do país.

As estatísticas oficiais mostram que as regiões com maiores níveis de pobreza são as de Cajamarca, Amazonas, Ayacucho, Huancavelica e Pasco, onde entre 46,6% e 52,9% de seus habitantes vive nessa condição.

Estes dados foram revelados nesta semana em um relatório publicado pelo Instituto Nacional de Estatística e Informática (INEI), que anunciou que 500 mil pessoas deixaram de ser pobres em 2013, o que implicou em uma diminuição de 1,9 ponto percentual em comparação com 2012.

As estatísticas também indicaram que 376 mil pessoas deixaram a pobreza extrema no ano passado, enquanto 1,4 milhões continuaram nessa situação.

Um aspecto que chamou a atenção é que durante o ano passado a pobreza na área rural se reduziu em 5 pontos em relação a 2012, enquanto na urbana este descenso só chegou a 0,5%.

Enquanto as autoridades do governo não duvidaram em celebrar estes números, muitos questionam as medições do INEI, que considera que uma pessoa deixou de ser pobre se consegue comprar uma cesta básica mensal, integrada por alimentos, roupas, transporte, educação e saúde, entre outros aspectos, avaliada em 1.460 sóis (cerca de R$ 1.150) em lares de cinco pessoas.

Isto equivale a que cada um dos cinco membros de uma família deveria contar com cerca de R$ 230 mensais para satisfazer todas essas necessidades.

Também se considera que alguém vive na pobreza extrema quando não consegue comprar uma cesta básica de alimentos avaliada em 775 sóis (pouco mais de R$ 600) em lares com cinco pessoas.

Com base nesses princípios e números, se determinou que a pobreza afeta atualmente 7.284.000 peruanos, o que equivale a 23,9% da população.

No meio de opiniões que pedem que se aprofunde a promoção dos investimentos privados e a liberação do mercado para fortalecer a luta contra a pobreza, outros setores criticaram uma aparente diminuição na projeção social do crescimento.

O crítico mais notório foi o ex-presidente Alan García (1985-1990 e 2006-2011), que assegurou que o governo “deteve socialmente o país” e que os números oficiais mostram que em oito das 25 regiões peruanas a porcentagem de pobres aumentou.

O caso mais chamativo é o de Cajamarca, uma região muito rica em recursos minerais que, no entanto, ocupa o primeiro lugar no ranking nacional de extrema pobreza, com uma taxa de entre 20% e 24% de sua população.

Isto apesar de que nessa região está Yanacocha, a maior mina de ouro da América Latina, mas que nos últimos anos foi afetada pela fuga de capitais e a diminuição do turismo gerada pelos contínuos protestos contra o projeto minerador de Conga, que Yanacocha deseja desenvolver bessa cidade.

O governo do presidente Ollanta Humala, que tem por lema o “crescimento com inclusão social”, destinou desde 2011 grandes recursos estatais a programas de assistência social, que vão desde bolsas de estudos para jovens até pensões para idosos que vivem na pobreza.

Além disso, as autoridades do Executivo lembram que, ao assumir o governo em 2011, anunciaram que reduziriam em 5% a pobreza extrema em 2016 e asseguram que já chegaram a 4,7%, razão pela qual consideram cumprida essa promessa.

O Executivo destacou que se concentrará agora em mudar a matriz primária exportadora do país, para o que elaborará um plano de diversificação produtiva que permita ao Peru depender menos dos recursos naturais e fazer com que o desenvolvimento seja sustentável. EFE

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