Abdullah Abdullah, o veterano aspirante enfrenta a hegemonia pashtun
Cabul, 3 abr (EFE).- Abdullah Abdullah é o único dos principais candidatos à presidência do Afeganistão que tem a maioria de sua base eleitoral entre os não pashtuns, por isso suas chances de vitória são reduzidas, ainda mais se houver segundo turno.
Nascido em Cabul em 1960, o oftalmologista de profissão é fluente em inglês e teve destaque no início do governo do presidente em fim de mandato, Hamid Karzai, mas passou para a oposição em 2006 e se candidatou como adversário do atual presidente no pleito de 2009.
Em 2001, ele foi eleito ministro das Relações Exteriores pela administração interina do Afeganistão, já liderada por Hamid Karzai, e se manteve no cargo após o pleito de 2004.
No entanto, sua condição de imagem do Afeganistão para o exterior tinha começado a ser construída em 1998, como chefe diplomático da Aliança do Norte, coalizão criada por antigos guerrilheiros mujahedin do norte e do oeste quando, em 1996, os talibãs chegaram ao poder.
Após se formar, Abdullah trabalhou como oftalmologista em Cabul até 1985, quando se mudou para o Paquistão para trabalhar com os refugiados afegãos e entrou em contato pela primeira vez com a resistência antissoviética.
O jovem médico decidiu se unir à luta armada e se alistou na Frente de Resistência Panjshir, ascendendo até se tornar, um ano depois, conselheiro do general Ahmed Shah Massoud, principal líder da insurgência contra os soviéticos.
Apesar de seu pai ser de origem pashtun, Abdullah é frequentemente identificado com a minoria tadjique tanto por sua ascendência materna como por seu estreito vínculo com Shah Massoud, idolatrado desde sua morte pela Al Qaeda em 2001.
O ex-ministro das Relações Exteriores conseguiu rivalizar com Karzai nas eleições de 2009 e forçou um segundo turno, mas se retirou em meio a acusações de fraude contra a candidatura do presidente, que contava com o sinal verde da Casa Branca.
Após aquela derrota, Abdullah fundou em 2010 um novo partido, o Movimento pela Mudança e a Esperança, com a intenção, segundo disse em sua apresentação, de “abrir um novo capítulo” em seu país e buscar um maior protagonismo para as formações políticas.
A origem pashtun dos principais rivais de Abdullah diminui suas chances caso ocorra um segundo turno, já que neste cenário o ex-ministro das Relações Exteriores perderá provavelmente boa parte do voto dos pashtuns, que integram cerca de 40% da população. EFE
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