Abdullah Abdullah se declara vencedor das eleições afegãs
Cabul, 8 jul (EFE).- O candidato presidencial Abdullah Abdullah anunciou ser o vencedor das eleições no Afeganistão nesta terça-feira, rejeitando a vitória de seu oponente Ashraf Gani, e acusou o presidente Hamid Karzai e à Comissão Eleitoral do país (IEC) de fraude.
“Somos os vencedores das eleições e devemos formar um governo legítimo”, afirmou Abdullah em reunião na Loya Jirga – assembleia tradicional – de Cabul, um dia depois dos resultados preliminares terem apontado a vitória de Gani.
Ontem, a IEC anunciou os resultados preliminares das eleições, os quais, com 56,44%, indicavam a vitória de Gani, enquanto Abdullah teria alcançado 43,56%.
No entanto, os resultados finais serão anunciados somente no próximo dia 22 de julho. De acordo com a IEC, a cerimônia de posse do novo presidente está prevista para ocorrer no dia 2 de agosto.
O ex-dirigente da Aliança do Norte anunciou que nos próximos dias anunciará seu governo a pedido “de seus eleitores” e afirmou que poderia levar os mesmos às ruas para protestar contra o que chamou de fraude em “escala industrial”.
“Pedi que os votos fraudulentos fossem invalidados antes do anúncio e meu pedido foi vergonhosamente rejeitado”, disse Abdullah, que apontou Karzai, Gani e IEC como os responsáveis pela fraude.
O candidato afirmou que manteve contato com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e com o secretário de Estado americano, John Kerry, que, segundo ele, viajará para Cabul na próxima sexta-feira.
Kerry advertiu ontem que Washington cancelaria a ajuda financeira ao Afeganistão caso houvesse irregularidades nas eleições presidenciais.
“Qualquer ação para assumir o poder por métodos não legais custará ao Afeganistão o apoio financeiro e de segurança dos EUA e da comunidade internacional”, afirmou o secretário de Estado americano em comunicado.
As eleições presidenciais afegãs supõem a saída do poder de Karzai após 13 anos na presidência, já que a Constituição proíbe um terceiro mandato.
O processo eleitoral se desenvolve em um dos momentos mais sangrentos desde a invasão dos Estados Unidos, que propiciou a queda do regime talibã em 2001.
A força da Otan (Isaf) concluirá sua missão no Afeganistão no final deste ano, mas os EUA anunciaram a permanência de 9,8 mil soldados no país até final de 2016, quando ocorre será realizada sua retirada definitiva. EFE
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